Local dispõe de depósito para categorização, triagem e destinação correta do material
Ao perderem a utilidade, PCs, teclados, impressoras, mouses, hard disks e drives, entre outros equipamentos de informática, tornam-se um amontoado de lixo eletrônico que oferece perigo à saúde se não tiver destino ambientalmente adequado.
Com a finalidade de ajudar na resolução desse problema, o Centro de Computação Eletrônica da USP (CCE-USP) inaugurou em dezembro, na Cidade Universitária, o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir), órgão pioneiro na sua modalidade em instituições públicas, direcionado especialmente ao devido encaminhamento desse material.
Com área de 400 metros quadrados, o galpão tem acesso para carga e descarga de resíduos, depósito para categorização, triagem e destinação de lixo eletrônico, além dos equipamentos necessários para a adequação do material.
A iniciativa é resultado do trabalho voltado à sustentabilidade em Tecnologia da Informação iniciado na unidade em 2007. O plano-piloto do projeto Cedir teve início em junho de 2008, por meio de ação realizada entre os próprios funcionários da unidade: a Operação Descarte Legal. O resultado foi a coleta, num único dia, de mais de cinco toneladas de peças e equipamentos eletroeletrônicos obsoletos. "Essa experiência permitiu-nos uma primeira avaliação sobre o volume de lixo eletrônico existente na USP e concluímos que ações precisavam ser tomadas", recorda a diretora do CCE, Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho.
Atitude responsável
Tereza explica que o projeto foi estruturado no conceito de que a USP, como instituição de ensino e pesquisa referência no País, tem papel fundamental na disseminação de ações sustentáveis. "Muita paixão da equipe", afirma Tereza. É a esta motivação e ao apoio encontrado que a diretora credita a rapidez da realização, cujo projeto começou a ser elaborado em janeiro de 2009, executado em maio e concluído em outubro do mesmo ano.
Para isso, contou, entre outros, com a parceria do Laboratório de Sustentabilidade do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, que compartilhou dois dos seus programas, e com a Itauctec, que prestou assessoria tecnológica, além do forte empenho da comissão de sustentabilidade do CCE, composta por oito membros e coordenada por Tereza Cristina.
Dados sobre o setor justificam a preocupação com a agilidade. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas mostra que, só em 2008, foram comercializados 12 milhões de computadores, com tempo de vida médio ente 3 e 4 anos. No mesmo período, a Anatel registrou a venda de 21 milhões de aparelhos celular, com tempo médio de vida de um ano e seis meses, num universo de 152 milhões de assinantes. As pilhas comercializadas somaram 1,2 bilhão, sendo 400 milhões piratas. "É justamente o ritmo rápido de descarte gerado por esse tipo de material que exige a rápida adoção de medidas", afirma Ligia Maria Sonnewend, funcionária do Cedir e integrante da comissão de sustentabilidade.
Ações sustentáveis
Aquisição de micros verdes, como são apelidados os PCs fabricados sem chumbo e outros metais pesados, e a criação do selo verde, certificação própria para identificar as máquinas com material e funcionamento adequados ambientalmente. Essas foram as duas primeiras ações do projeto e-waste (lixo eletrônico), elaborado em 2007 pela comissão de sustentabilidade do CCE, formada por sete membros, que deu origem ao Cedir. "É uma grande conquista. Estamos muito felizes", diz Ligia Maria.
Os desafios agora são a estruturação do funcionamento do próprio centro, organizada num projeto constituído por duas fases, a criação, no prédio vizinho, do Laboratório de Sustentabilidade (LaSu), para a realização de pesquisas e o treinamento de pessoas, e a expansão do programa de sustentabilidade para outras unidades da USP e a comunidade em geral.
A primeira fase do projeto, prevista para iniciar até o fim do primeiro semestre deste ano, compreende a realização de operações de coleta, triagem e categorização no câmpus paulistano e de coleta e triagem nos centros de informática dos câmpus de Ribeirão Preto, São Carlos e Piracicaba. Esta fase ainda se subdivide em etapas, com relação aos participantes: a inicial abrange funcionários das unidades da USP, a segunda, familiares de funcionários, alunos e docentes e, a etapa 3, o público em geral, além de uma possível parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
A fase seguinte, a partir do segundo semestre, prevê operações de coleta e triagem nos câmpus de Bauru, Pirassununga e Lorena. Já o LaSu deve entrar em funcionamento com atividades de apoio ao trabalho do Cedir, como pesquisas, treinamentos, seminários e workshops. "A realização dos nossos planos depende do fluxo contínuo do lixo eletrônico. Calculamos que precisaremos de R$ 25 mil ao mês para a sustentação financeira do Cedir e do projeto de sustentabilidade", informa a diretora.
Economia verde
Outro desafio a ser enfrentado pela comissão de sustentabilidade é o de promover a criação de uma empresa de reciclagem nacional especializada na reciclagem total das placas. "No Brasil ainda não há tecnologia para o aproveitamento dos metais nobres que compõem as placas, como o ouro. Até hoje, isso só é feito em outros países.
Mas pretendemos desenvolver pesquisas para que isso se torne possível em território nacional", planeja Ligia Maria Sonnewend. O grupo também pretende lutar por uma legislação brasileira que regulamente a produção de sistemas verdes e que responsabilize os produtores de equipamentos eletrônicos pela reciclagem ou destino sustentável dos bens. "Temos muito trabalho pela frente", conclui Tereza Cristina.
(Governo do Estado de SP / EcoAgência, 22/01/2010)