A Secretaria da Saúde da Bahia e o Inga (Instituto de Gestão das Águas e Clima) notificaram na última quinta-feira (21) a Prefeitura de Caetité e a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) para suspenderem imediatamente o consumo de água em três pontos onde foi detectada a presença de radioatividade acima do permitido pelo Ministério da Saúde. Dos três locais contaminados, um é utilizado para abastecimento de moradores: um poço no povoado de Barreiro abastece cerca de 15 famílias desde 2007.
A prefeitura está obrigada a garantir o abastecimento alternativo de água para as famílias. A suspensão foi determinada pelo diretor geral do Inga, Julio Rocha, logo após o recebimento dos resultados da última análise de coleta de amostra de água realizada pelo órgão na região de Caetité, que fica no sudoeste da Bahia, no início de dezembro do ano passado.
A descoberta de radioatividade acima dos níveis considerados seguros para humanos em poços na área rural do município, onde está instalada uma mina de urânio operada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), aconteceu foi confirmada em fins de 2008, graças a um trabalho de análise levado à cabo pelo Greenpeace. Na ocasião, técnicos da ONG encontraram água contaminada em dois poços. O Greenpeace levou os resultados para o Ministério Público Federal, que abriu um inquérito, e para o Instituto de Águas da Bahia (Ingá), que decidiu ampliar o raio de análise da radiotividade encontrada na água da região.
A INB insiste que não tem nada a ver com o problema e que a contaminação na região, por conta da presença do urânio, é natural. Mas a última análise do Ingá, que examinou água em dois ponto dentro da área ocupada pela INB mostra que ambos estão contaminando um aquífero da região. A estatal posa de Pilatos, preferindo lavar as mãos, como se uma eventual origem natural da contaminação a absolvesse de qualquer reponsabilidade em relação à população.
O Greenpeace deslocou essa manhã uma equipe para Caitité para acompanhar a finalização dos trabalhos de análise do Ingá e prestar apoio à população rural local. Nossa presença na região coincide com a visita de técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA), sediada em Viena, à mina de urânio de Caitité. Num dos pontos analisados pelo Ingá, dentro da área da mina, os níveis de radiação encontrados são 40 vezes superiores aos considerados seguros para seres humanos.
(Blog do Greenpeace, 23/01/2010)