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política energética fontes alternativas política ambiental de portugal
2010-01-23 | Julianaf

Há apenas uma década, choviam críticas sobre o ensolarado e ventoso Portugal por ignorar as condições favoráveis que a natureza lhe oferecia para a exploração de energias renováveis. Agora, tudo indica que alguém ouviu e este país passou a ser exemplo nessa área. Atualmente, Portugal, com 10,5 milhões de habitantes, reduziu substancialmente sua dependência da importação de combustíveis fósseis, a ponto de as energias de origem eólica e solar representarem 35,9% do consumo de eletricidade.

Este número chega a 41,1% se considerarmos a correção de 23% de redução média em 2009 na produção hidrológica, segundo medição feita pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (Apren). O maior desenvolvimento é registrado na energia eólica, colocando-se em segundo lugar no mundo, depois da Dinamarca, deslocando a Espanha para o terceiro lugar. Segundo a especialista ambiental do jornal Público, de Lisboa, Lurdes Ferreira, para cada 100 watts de eletricidade consumidos no ano passado nos lares portugueses, 15,03% eram provenientes do vento, enquanto a Dinamarca continua ocupando a liderança com pouco mais de 20% de energia eólica e a Espanha cobrindo 14,3% da demanda.

No ano passado, de acordo com o balanço divulgado no começo deste mês pelas Redes Energéticas Nacionais (REN) de Portugal, para cada 24 horas, 3h36, em média, procediam do vento, um aumento de 31,6% em relação a 2008. A batalha para promover a energia eólica ocorre em várias frentes, incluída a promoção do uso privado, incentivando a utilização de pequenos aerogeradores.

Em São Pedro do Estoril, localidade do litoral da comarca de Cascais, cuja estrada de 26 quilômetros que leva até Lisboa é uma das mais movimentadas do país, foram erguidos sete pequenos aerogeradores, destinados a promover seu uso particular. Os aparelhos fornecem eletricidade ao Centro de Interpretação Ambiental de Pedra do Sal (Ciaps), instalado em São Pedro do Estoril, produzindo a quantidade de energia que o edifício precisa para uso convencional e demonstrando aos visitantes seus potenciais benefícios.

Os aerogeradores do Ciaps “integram um projeto de otimização e compensação energética, desenvolvido pela agência Cascais Energia”, explicou Vera Ferreira, uma responsáveis dessa organização privada municipal sem fins lucrativos. “O objetivo da agência é promover um consumo sustentável e controlado no edifício onde funciona o Ciaps e, ao mesmo tempo, colocar à disposição dos visitantes um espaço de demonstração e sensibilização para os conceitos de eficiência energética”, disse em sua resposta por escrito à consulta feita pela IPS.

Além disso, o centro conta com uma estação meteorológica ambiental, equipada com aparelhos que medem o vento, a chuva e os índices de radiação solar, o que permite verificar estes valores em tempo real. Por este acompanhamento, além do mais, pode-se conhecer “os valores resultantes dos sistemas de geração de energias renováveis” e estes mesmos dados “servirão também para estudos meteorológicos e climatológicos”, acrescentou Vera Ferreira.

O Ciaps foi concebido como um lugar apto para “divulgar os valores da diversidade biofísica e da riqueza paisagística, associadas à vertente pedagógica, permitindo o intercâmbio de conhecimentos entre a comunidade científica e os visitantes”, concluiu a funcionária. Nos três últimos anos, outras fontes de energias renováveis acompanharam o substancial aumento da produção eólica em grande escala e também de nível modesto, como o projeto de Cascais.

A captação de energia pelo sistema fotovoltaico registrou aumento de 315% no período medido, explicável porque partiu de uma base muito baixa e a hidroeletricidade aumentou sua produção em 24,7%. Todo este significativo crescimento resultou em que as energias renováveis representaram, no ano passado, 35,9% do total do consumo de energia elétrica do país, aproximando-se, assim, da meta de 45% de renováveis até 2010, que foi a promessa do primeiro-ministro socialista, José Sócrates.

O presidente da Apren, Antonio Sá da Costa, admitiu há alguns dias que poderá chegar a 45% este ano, “mas será difícil”. Para cumprir a meta será necessário iniciar todos os projetos eólicos, que ainda estão parados na pesada burocracia estatal à espera de licenças, reforçar a potência das represas da Eletricidade de Portugal (EDP), e ter mais cogeração com a energia renovável. Sá da Costa alerta que, para cumprir a meta, será preciso, sobretudo, que o consumo não aumente e, se subir, que não passe de 1%. Se crescer mais, haverá necessidade de importar energia e esta será de origem fóssil, diluindo o peso das renováveis.

Com quase a metade da energia renovável em 2010, a EDP promete reduzir as emissões de dióxido de carbono em 70% até 2020, informou a empresa de controle público em comunicado do dia 16 deste mês. Portugal e Espanha estão em posição vantajosa quanto às energias renováveis, mas o mesmo não pode ser afirmado sobre a maior parte do resto da Europa, preocupada em reduzir as emissões de CO² e por sua vez garantir um futuro menos dependente da importação de combustível fóssil.

Como resposta ao fiasco da 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), realizada na Dinamarca entre 7 e 18 de dezembro, nove países europeus decidiram, no mês passado, na Irlanda, criar uma nova rede elétrica para energia verde, informou no começo deste mês a agência de notícias Lusa. Esta foi a principal reação de Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Irlanda, Luxemburgo, Noruega e Grã-Bretanha diante do fracasso desta cúpula organizada pela Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, adotada em Nova York em maio de 1992 e que entrou em vigor em março de 1994.

A rede agrupará 65 centrais energéticas dos nove países, oito da União Europeia aos quais se une a Noruega, mediante um sistema ultramoderno de abastecimento com recurso exclusivo de energias renováveis, projeto estimado em 30 bilhões de euros (US$ 43 bilhões). A maior parte destes custos será assumida por empresas privadas, especialmente os grandes consórcios de energia europeus, informou a Lusa.

Para criar a nova rede, nos próximos dez anos serão estendidos milhares de quilômetros de cabos submarinos de alta tensão, principalmente diante do litoral alemão e britânico, que permitirão transportar até o coração da Europa a energia eólica colhida nesses países, bem como a hidroelétrica da Noruega e do mar do Norte. Seu objetivo principal será equilibrar o abastecimento eólico, hídrico e solar, evitando oscilações do mercado energético, ao que se une o fato de que a rede atual não tem condições para armazenar a energia produzida pelos ventos.

Em declarações à agência Lusa, Sven Teske, perito em questões energéticas da organização ambientalista Greenpeace, aplaudiu a iniciativa, porque “é urgente ampliar a atual rede energética europeia, que já não está em condições de armazenar a energia dos parques eólicos existentes”. O colossal aumento dos projetos europeus para desenvolver as energias alternativas “tem sua origem no brutal aumento da poluição, ou, com a irracionalidade, o fracasso do modelo de crescimento dominante, que cria a necessidade de uma nova cultura energética que rompa com a dependência do petróleo”, disse à IPS a ambientalista portuguesa Isabel de Castro.

Um fator determinante, mesmo para quem não defende a energia limpa, “é a permanente instabilidade política na região em que fica a maior parte da produção de petróleo e as reservas de gás natural, o que converte em prioridade a busca por soluções alternativas em nível mundial”, disse a ambientalista.

Isabel de Castro, que entre 1992 e 2002 foi deputada pelo partido Ecologista-Verde, defende a aposta nas energias renováveis, na eficiência, mas “sobretudo na capacidade de pôr em prática novas formas de viver, produzir e consumir”. Segundo a ativista, deve-se “apostar nas energias alternativas, não apenas na eólica, mas também na solar, fotovoltaica, biomassa, ondas e mares, estimular a eficiência energética, alterar processos produtivos, recorrendo à inovação e à produção limpa. Uma política ecoeficiente para a energia deve ser uma estratégia mundial. Para salvar o clima, não basta o estado de alma”, concluiu.

(Por Mario de Queiroz, IPS / Envolverde, 22/01/2010)


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