Um profundo desapontamento foi o sentimento expresso no dia 20 de Janeiro, durante o debate em plenário sobre o insucesso de Copenhaga no que se refere à assinatura de um acordo global vinculativo. Os membros da delegação do Parlamento Europeu para a Conferência de Copenhaga defendem que a União Europeia deve definir uma nova estratégia que permita preparar o terreno para um acordo vinculativo, no México.
O que NÃO MUDOU com a Conferência de Copenhaga
Não foi celebrado um acordo vinculativo de redução das emissões de dióxido de carbono a curto prazo;
Não foi celebrado um acordo vinculativo de redução de 50% das emissões a longo prazo;
O Acordo de Copenhaga não é vinculativo e apenas reconhece a necessidade de evitar que as temperaturas aumentem mais de 2°C.
O que MUDOU com a Conferência de Copenhaga
Os países desenvolvidos comprometeram-se a contribuir com 30 mil milhões de dólares norte-americanos entre 2010 e 2012, para apoio climático aos países em desenvolvimento;
Os países em desenvolvimento concordaram, pela primeira vez, em participar nos esforços de mitigação das alterações climáticas e demonstraram disponibilidade para que os seus esforços sejam sujeitos a "supervisão internacional".
Delegação do Parlamento Europeu: "A UE necessita de uma estratégia clara"
"É claro que estamos desapontados e o nosso objectivo de redução de 30% das emissões tem de aguardar, mas foram dados alguns passos importantes relativamente ao financiamento climático e ao objectivo de evitar que as temperaturas aumentem mais de 2°C. Temos de rever a nossa estratégia, mantendo as nossas ambições", referiu a eurodeputada neerlandesa Corien Wortmann-Kool (PPE).
Corinne Lepage, eurodeputada francesa (ADLE), defende que o insucesso de Copenhaga não pode ser um motivo para reduzir os esforços de mitigação das alterações climáticas. "Temos de manter a nossa posição de liderança mundial no que se refere à luta contra as alterações climáticas e não poderemos ser bem sucedidos se não falarmos a uma só voz".
Jo Leinen, eurodeputado alemão (S&D), Presidente da delegação parlamentar, centrou a sua intervenção nas possíveis formas de avançar em matéria climática, após o fracasso de Copenhaga. Manifestando a sua satisfação com o compromisso assumido pela Presidência espanhola da UE na mitigação das alterações climáticas, Leinen alertou para a existência de divergências sobre diversos assuntos entre alguns países. "Temos de manter a liderança na mitigação das alterações climáticas e, consequentemente, de encontrar parceiros estratégicos nos preparativos da próxima grande conferência sobre clima, no México", afirmou, sublinhando a importância das alianças com países em desenvolvimento, para que os mesmos se possam empenhar de forma mais determinada nesta questão.
Satu Hassi, eurodeputada finlandesa (Verdes/ALE), lamentou o facto de "os resultados da Conferência de Copenhaga são desapontantes, mas pela primeira vez foi feita referência ao limite de 2°C num documento da ONU. É evidente que houve quem quisesse sabotar o acordo. Os países em desenvolvimento devem assumir este compromisso! A União Europeia só pode agir de forma eficaz se falar a uma só voz e não foi isso que sucedeu em Copenhaga! É necessário proceder à reforma do processo de tomada de decisões na ONU".
O Parlamento Europeu vai votar uma resolução sobre os resultados da Conferência de Copenhaga na sessão plenária de Fevereiro. A próxima Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas está agendada para os dias 29 de Novembro e 10 de Dezembro, no México.
(Parlamento Europeu, 21/01/2010)