Na tarde da quarta-feira (21), em Rio Grande, teve início a eclosão dos ovos de tartarugas tigre-d’água de dois dos nove canteiros clandestinos descobertos pelo Comando Ambiental da Brigada Militar no início deste mês. Nasceram 773 tartarugas, entre elas uma albina e duas gêmeas. Os animais foram levados para o Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre da Universidade Federal de Pelotas (Nurfs/UFPel) onde permanecerão até que possam ser introduzidos em seu hábitat.
O filhote albino será mantido no Núcleo para estudos, até porque na natureza estaria mais vulnerável do que seus companheiros, devido a sua condição atípica e a problemas de metabolismo. Por não produzir pigmentos, a sua coloração é amarela, com olhos vermelhos. Conforme o coordenador do Nurfs, Luiz Fernando Minello, a freqüência de répteis albinos é muito baixa e dos ovos dos canteiros clandestinos não deverá nascer outra tartaruga nessa condição.
Dos 50 mil ovos inicialmente encontrados, análises do Nurfs/UCPel indicaram que boa parte não eclodiria, pois o desenvolvimento dos embriões ficou comprometido pelo transporte do local da postagem até os canteiros, pelas condições de acondicionamento e por fatores ambientais. A quantificação desses ovos está sendo processada pelo Nurfs. Minello estima que, devido a posturas diferentes dos ovos, a eclosão total acontecerá até início de março. Segundo ele, não existem estudos de longevidade da tartaruga tigre d’água, mas as tartarugas em geral vivem, em média, até os 50 anos. Ao contrário do que muitos pensam e que acaba gerando a venda desses répteis como animais de estimação, as tartarugas tigre d’água crescem continuamente, atingindo até 30 centímetros na fase adulta, conforme informação do biólogo do Nurfs, Marco Antônio Coimbra.
A 3ª Companhia Ambiental de Pelotas e o Pelotão Ambiental de Rio Grande mantêm guarnições na área dos canteiros durante 24 horas e o policiamento permanecerá até o nascimento e remoção de todas as tartarugas. Também na quarta-feira, após diligência em cartório de registro de imóveis, a Companhia Ambiental chegou ao dono de um dos terrenos. Trata-se de um homem de 55 anos, residente em Rio Grande, que foi autuado com base na Leis dos Crimes Ambientais em artigo que prevê detenção de seis meses a um ano. Além disso, na esfera administrativa poderá pagar multa de até R$ 500,00 por tartaruga e a sua responsabilidade civil será processa junto ao Ministério Público. Conforme o comandante da Companhia Ambiental,capitão Márcio André Facin, falta identificar o proprietário de mais um terreno, o que deve acontecer ainda nesta semana.
(Texto enviado por E-mail ao AmbienteJÁ, 22/01/2010)