O professor Rualdo Menegat está fazendo um alerta sobre a poluição das águas do Guaiba, onde a população de Porto Alegre se abastece. Geólogo, mestre em geociências, coordenador do Atlas Ambiental de Porto Alegre, ele diz: “É preciso dar prioridade total à despoluição do Guaiba. A contaminação, principalmente com metais pesados, já atinge níveis comprometedores”.
De acordo com Menegat, o esgoto doméstico é sempre apontado como o vilão da poluição no Guaíba, mas ele não é o mais perigoso. “O esgoto doméstico lançado diretamente no rio é um grave problema, por causa do enorme volume. Mas ele é biológico, ele se degrada. Pior é o industrial, que vai se acumulando em camadas no fundo, onde se depositam substâncias que se acumulam também no organismo causando graves doenças”.
A ênfase dada ao esgoto doméstico, segundo o cientista, encobre o problema mais grave, porque as pessoas ficam com a impressão de que a poluição industrial não é significativa.
“Dessa quase não se fala. No entanto, ela é significativa pela quantidade e mais ainda pelo elevado grau de toxidade dos produtos que ela lança nas águas”.
O alerta do professor Rualdo Menegat está no livro “Manual para saber porque o Guaíba é um Lago”, que ele escreveu com outro pesquisador da UFRGS, Clóvis Carlos Carraro, engenheiro de minas e doutor em geociências.(Editora Arm@zém Digital)
No lançamento do livro, que ocorreu na quarta feira, 20, na Associação Riograndense de Imprensa, às 19 horas, haverá um debate com a participação da geóloga Teresinha Guerra, presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Guaíba.
Na primeira metade do livro, os dois professores reúnem os argumentos científicos que permitem afirmar que o Guaíba é um lago, e não um rio.
Segundo Menegat, a discussão não é meramente acadêmica ou ociosa. “Esclarecer essa questão é o primeiro passo começar um resgate do Guaíba, a maior riqueza ambiental de Porto Alegre”, diz ele.
A definição é importante até para as medidas de preservação, pois um lago é muito mais vulnerável do que um rio.
Na segunda parte do livro, ele chama a atenção para a importância do Guaiba, como principal fonte de água doce para a população de Porto Alegre, e alerta para o níveis de poluição que atinge o lago.
(Por Elmar Bones, Jornal JÁ, 18/01/2010)