Um dos fatores que mais complicam a vida de um bombeiro em um incêndio na mata é o terreno de turfa. Estas áreas, ricas em material orgânico, queimam no subsolo com tanta intensidade que até o calor do dia pode reacender focos que já haviam sido controlados. Em Setiba, o caso é esse. O fogo já foi controlado, mas está sob vigília constante. Os técnicos e bombeiros monitoram ás áreas para que nem o vento e nem o calor do dia evitem o fim do incêndio que destrói a região desde o último domingo (17/01).
“Desde ontem a noite estamos combatendo os principais focos e estes já estão controlados, mas precisamos acompanhar para que não reascendam. É uma área de turfa e o calor do dia pode piorar. O que temos a fazer agora é monitorar para impedir isso”, ressaltou a subgerente do Parque Estadual Paulo César Vinha, em Setiba, Lívia Loyola, que também trabalha para evitar mais degradação na Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba.
Segundo ela, além dos 10 hectares que já foram queimados, uma nova área foi atingida na noite desta terça-feira (19), mas a extensão do prejuízo ainda não pode ser calculada. A informação, segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), é que 13 hectares já foram atingidos pelo fogo.
Neste contexto, as equipes do Iema e do Corpo de Bombeiros estão empenhados na região. Na manhã desta quarta-feira (20), o esforço era de combater os focos remanescentes até o horário do almoço, período em que os ventos são mais brandos, para tentar acabar completamente com o incêndio.
Segundo o órgão, apesar das condições adversas (ventos fortes, altas temperaturas e estiagem prolongada), nas últimas 24 horas o avanço do fogo foi pequeno. A informação é que o avanço de três hectares já era esperado, porque o incêndio atingiu também o subsolo através das raízes, além das folhas. Entretanto, estas características, além de dificultar o controle, prejudicam a avaliação do impacto de imediato.
Além disso, ainda não é possível avaliar se o incêndio é ou não criminoso. Entretanto, há a informação de que pessoas foram vistas nas redondezas colocando fogo na restinga. A denúncia dos ambientalistas é que a região está sob a mira de ocupações irregulares. A Polícia Ambiental iniciará a investigação assim que o fogo for completamente apagado.
A APA de Setiba fica localizada próximo ao Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), mas este não teve sua área atingida por estar situado do outro lado da Rodovia do Sol. As causas do incêndio estão sendo investigadas pelo Corpo de Bombeiros.
APA de Setiba
A Área de Proteção Ambiental de Setiba é a maior APA do Estado. Criada pelo Decreto nº 3.747-N de 1994, como APA de Três Ilhas e, posteriormente, rebatizada através da Lei Estadual nº 5.651 como APA Paulo César Vinha, ou simplesmente APA de Setiba, a unidade tem o objetivo de estabelecer uma zona de amortecimento dos possíveis impactos ao redor do PEPCV.
Na porção continental, a APA apresenta-se através de formações de restinga, manguezal e mata de tabuleiro, e na porção marinha, encontra-se o arquipélago de Três Ilhas, rico em fauna marinha, sendo um local propício para mergulho contemplativo, com águas rasas e claras, onde foi registrada uma das maiores biodiversidades de ecossistemas marinhos do Brasil.
Ao todo, a área possui 12.960 hectares e fica localizada entre os municípios de Guarapari e Vila Velha.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 20/01/2010)