Sai veraneio, entra nova temporada e os problemas de infraestrutura se repetem nas principais praias do Litoral Norte. Lixo acumulado, capina por fazer, buracos nas ruas e poucos banheiros químicos são queixas frequentes de quem têm imóveis ou opta por descansar em cidades como Arroio do Sal, Capão da Canoa e Torres.
Os prefeitos das três praias reconhecem os problemas, mas apresentam uma extensa lista de justificativas. A superlotação na virada do Ano-Novo é um dos motivos mais recorrentes. Maquinário e equipamentos sucateados, seguidos de queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) também encorpam a lista de dificuldades administrativas. Mas os gestores públicos também dividem com os veranistas a responsabilidade por algumas situações, como o acúmulo de lixo em calçadas, esquinas e até mesmo na areia.
– Cidade limpa não é a que mais se limpa, mas a que menos se suja. Se todos colaborassem, não haveria tanto lixo. Estamos colocando mais caminhões nos serviços de limpeza, mas na virada do ano os veículos que recolhem o lixo e levam até Terra de Areia tiveram dificuldades para atender a demanda – justificou o prefeito de Arroio do Sal, Luciano Pinto da Silva (PDT).
O lixo não é o único problema de Arroio do Sal, praia que abrange 33 balneários. Há muitas queixas de falta de manutenção de ruas e ausência de banheiros químicos.
– Assumimos o município com uma dívida de R$ 1,6 milhão, paga em 2009. Temos problemas estruturais que não mudam em um ano de administração. O maquinário está todo sucateado. A patrola que temos, por exemplo, foi doação de Torres há 20 anos. E já era usada. O rolo compressor está estragado, e os carros e caminhões, quebrados. Estamos buscando financiamento para trocar a frota. Com a queda do FPM, deixamos de receber cerca de R$ 800 mil em 2009.
A situação teria ficado mais crítica na virada do ano. Segundo o pedetista, a cidade, que tem cerca de 7 mil habitantes e estrutura para atender a uma população flutuante de 30 mil, teria recebido cerca de 120 mil pessoas.
– Estamos licitando a colocação de banheiros químicos, mas os valores são absurdos. Se as propostas continuarem altas, vou anular o processo – justifica.
O prefeito de Capão da Canoa, Amauri Magnus Germano (PT), diz que a situação está normalizada.
– Estávamos preparados para receber entre 200 mil e 250 mil pessoas, mas esse número ultrapassou 400 mil. Tivemos dificuldades para recolher o lixo, mas hoje a praia está em condições – garante.
Ele acrescenta que sua administração ampliou o número de caminhões para o recolhimento de resíduos orgânicos de sete para oito carros e disponibilizou mais quatro veículos para a coleta seletiva, além de colocar mais oito contêineres em pontos estratégicos.
– No inverno, a cidade até tinha outros problemas estruturais, como buracos nas ruas, mas no final de novembro começamos a atuar com força para fazer operação tapa-buraco. Já investimos 980 toneladas de asfalto – complementa.
Em Torres, o prefeito João Alberto Machado Cardoso (PMDB) aceita as críticas com ressalvas.
– Os alagamentos são um problema crônico de Torres e de todo o Litoral. A solução reside em obras de macrodrenagem. Buscamos recursos federais para isso. Os buracos também são um problema crônico. Asfaltamos a Avenida Beira-Rio, uma antiga reivindicação, e iniciamos a operação tapa-buraco nas principais ruas, mas as chuvas têm prejudicado o trabalho – reconhece.
Cardoso não concorda, porém, com as queixas de falta de banheiros químicos próximo à orla:
– Foram contratados, via licitação, 40 banheiros químicos, que estão instalados em vários pontos turísticos e de confluência de público.
Pesquisa
A Câmara de Vereadores de Torres lançou uma enquete para saber o que deve ser prioridade para a administração durante o veraneio. Por hora, os participantes elegem a limpeza da cidade e de praias como o mais importante. Acesse www.camaratorres.rs.gov.br para participar e conhecer os resultados.
(Por Roberto Dias, O Pioneiro, 21/01/2010)