No dia 19 de Janeiro, os eurodeputados debateram com a Alta Representante Catherine Ashton a situação no Irão. O desrespeito pelos direitos humanos, a violência nas ruas, a supressão dos dissidentes, os efeitos adversos das medidas internacionais para o povo iraniano e o programa nuclear do Irão foram algumas das principais preocupações manifestadas durante o debate em plenário.
Catherine Ashton: "Os desafios colocados pelo Irão são pesados"
A Alta Representante para a Política Externa da UE afirmou esperar sinceramente poder, durante o seu mandato, "regressar ao Parlamento Europeu com uma imagem mais positiva das relações com o Irão". Começando por enunciar diversos aspectos positivos do país, Ashton referiu o elevado nível de educação das mulheres e a capacidade para o debate público do povo iraniano. "A juventude iraniana é vibrante a activa", sublinhou, acrescentando que, nesse sentido, a sociedade iraniana reúne muitas das características necessárias para uma sociedade livre.
No entanto, a ameaça a essa liberdade esteve bem patente nas últimas eleições realizadas no país. Ashton lamentou o recurso à violência contra os manifestantes que exercem o seu direito de expressão. "As detenções arbitrárias são inaceitáveis", concluiu. Ashton lamentou igualmente que o Irão se tenha recusado a prosseguir as negociações sobre energia nuclear e o facto de aquele país não respeitar as suas obrigações internacionais.
O eurodeputado espanhol José Ignacio Salafranca (PPE) referiu os assassinatos e as execuções, o facto de as ONG não poderem desempenhar o seu trabalho, a falta de liberdade de expressão, as gravíssimas violações dos direitos humanos e o enriquecimento de urânio no país. De acordo com Salafranca, o Parlamento Europeu deve condenar seriamente a situação dos direitos humanos no Irão.
Para o eurodeputado italiano Roberto Gualtieri (S&D), apesar de o Irão ter o direito de desenvolver um programa nuclear pacífico, é importante saber qual será a resposta da comunidade internacional no que se refere ao enriquecimento de urânio. Por outro lado, defendeu, as sanções devem ser acompanhadas da tentativa de manter o diálogo.
A eurodeputada neerlandesa Marietje Schaake (ADLE) começou a sua intervenção referindo que "fui eleita por criticar o governo do meu país", mas no Irão teria sido presa e violentada. A Presidente da delegação parlamentar para as relações com o Irão defendeu que "a Europa deve desempenhar um papel de liderança mais forte, e não apenas quando essa liderança é politicamente segura".
De acordo com a eurodeputada alemã Barbara Lochbihler (Verdes/ALE), as tecnologias produzidas por empresas europeias, designadamente no sector das telecomunicações, são utilizadas para o desenvolvimento de mecanismos de censura. Defendendo o diálogo político com o Irão, Lochbihler alertou para o facto de as sanções aplicadas contra o Irão acabarem por prejudicar o povo iraniano.
Charles Tannock, eurodeputado britânico (ECR), criticou as ambições nucleares desregradas de Ahmedinejad e apelou à aplicação de "sanções pelas gravíssimas violações dos direitos humanos perpetradas no país". "O regime iraniano e o povo iraniano não são a mesma coisa", acrescentou.
Para o eurodeputado neerlandês Bastiaan Belder (ELD), "o programa nuclear iraniano coloca sérias ameaças e a comunidade internacional deve agir em conformidade". O Parlamento Europeu irá votar uma resolução sobre o Irão em Fevereiro.
(Parlamento Europeu, 20/01/2010)