A Petrobras negou, em entrevista à Agência Brasil, que esteja desenvolvendo qualquer estudo com o objetivo de importar o etanol produzido a partir do milho, dos Estados Unidos, para suprir o mercado brasileiro.
O mercado interno vem enfrentando problemas para atender ao crescimento excessivo da demanda, em decorrência da quebra da safra e das dificuldades para plantar cana-de-açúcar, provocadas pela predominância de tempo chuvoso nas principais regiões de plantio. Com a oferta menor que a demanda, os preços do etanol têm subido.
A assessoria da estatal, no entanto, não descartou a possibilidade de que o estudo esteja ocorrendo no âmbito da sua subsidiária Petrobras Distribuidora (BR). Também ouvida pela Agência Brasil, a Petrobras Distribuidora disse desconhecer tal estudo e que, se ele existir, não estaria ocorrendo no âmbito da subsidiária.
A partir de 1º de fevereiro, para tentar desaquecer a demanda por etanol no país, o percentual de adição de álcool combustível à gasolina, por determinação do governo, será reduzido de 25% para 20%.
Para o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua, a redução do percentual de etanol misturado à gasolina não deverá frear o aumento de preços do biocombustível.
Essa redução de cinco pontos percentuais significa uma redução de vendas de 100 milhões de litros por mês. Isso é um ou dois dias de demanda. O que nós precisamos é de uma oferta muito grande e não tem oferta nesse momento. Nós estamos em plena entressafra, disse em entrevista à Agência Brasil.
O governo anunciou a redução do percentual obrigatório de mistura de álcool à gasolina na semana passada. A medida valerá por 90 dias a partir de 1º de fevereiro e tem o objetivo de conter o aumento de preços verificado nos últimos meses.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em junho, no estado de São Paulo, o álcool chegava ao consumidor a um preço médio de R$ 1,168. Neste mês, o preço na bomba está, em média, de R$ 1,791.
Segundo o vice-presidente da Unica, o aumento nos preços é causado por um desequilíbrio entre a produção e a demanda.
Apesar da baixa oferta, Pádua acredita que o país tem etanol suficiente para atender o mercado interno até o início da próxima colheita e não precisará importar o produto.Eu não diria que, para esse período de curtíssimo prazo [a safra vai começar já no dia 20 de março], se necessite importar etanol para suprir a demanda, avaliou.
Diretor da Unica prevê que açúcar volte à cotação habitual em 2012
O preço atual do açúcar é o maior dos últimos 28 anos e o produto só deverá voltar à sua cotação habitual em 2012. A avaliação é do diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua.
A próxima safra tem início em meados de março. Em abril e maio, todas as unidades estarão de novo em processo. Diria que haverá uma queda no preço do açúcar no mercado mundial, já no próximo ano. Mas ele [o preço] continuará em patamares altos, disse, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo o diretor, a quebra de safra em outros mercados produtores, como a Índia e a Tailândia, pressionou o preço do produto para a cotação atual, que está em valores que correspondem à praticamente ao valor de sua "cotação histórica". Pádua acredita que, com a entrada da nova safra, o preço já sofrerá queda.
Mesmo com a falta do produto no mercado externo, o diretor da Unica garantiu que a demanda interna será suprida. O mercado interno está abastecido. Não faltará açúcar.
Pádua disse, ainda, que a alta no preço do açúcar não foi responsável pelo aumento dos preços do álcool verificados nos últimos meses. Segundo ele, apesar dos usineiros terem produzido um pouco mais de açúcar nesta safra, foi mantido um equilíbrio com a produção de etanol, na proporção de 43% para o açúcar e 57% para o combustível.
(Agência Brasil, JC-RS, 21/01/2010)