Pelo menos 30 trabalhadores encapuzados, não identificados, realizavam o processo de extração de metal
As balsas mecanizadas sugavam o cascalho do fundo do rio para lançá-lo em grandes esteiras, onde o ouro era retirado com o auxílio de mercúrio, o que configura crime ambiental. Pelo menos 30 trabalhadores encapuzados, não identificados, realizavam o processo de extração do metal precioso, como informou o Estado dia 26 de dezembro.
A expedição constatou a retirada das balsas no retorno de uma entrada de 30 dias na mata para verificar vestígios de índios isolados, nas cabeceiras do rio Boia. Nos dias 13, 14 e 15 de janeiro, o barco da equipe da Funai navegou pelo Boia, mas não encontrou o maquinário.
Segundo relatos de índios katukinas, as balsas desceram o rio em direção à cidade de Jutaí (AM) há pelo menos três semanas - período em que a Funai informou a Polícia Federal, o Ibama e a Marinha do garimpo. No entanto, nenhuma operação para apreender as balsas foi realizada.
No dia 15 de janeiro, um helicóptero da Marinha sobrevoava a área devastada. Enquanto isso, a Polícia Federal em Manaus projetava uma operação.
Mesmo sem a apreensão das balsas, o crime ambiental é visível. As margens do rio Boia estão devastadas em mais de 300 pontos catalogados pela equipe da Funai. Há ainda o surgimento de enormes bancos de areia, do tamanho de 30 campos de futebol, que são subproduto do garimpo.
O rio Boia, com cerca de 300 quilômetros de águas escuras, está próximo da Terra Indígena Vale do Javari. Sua nascente fica a menos de 40 quilômetros dos limites da área indígena. A contaminação por mercúrio, no entanto, pode chegar até a aldeia katukina Boca do Biá, no rio Jutaí, que recebe as águas do rio Boia.
(Estadao.com.br, 19/01/2010)