O maior complexo gaúcho para a fabricação de etanol começa a sair do papel com a confirmação de benefícios fiscais concedidos pelo Estado à Noroesthe Bioenergética. A governadora Yeda Crusius assinou ontem, em solenidade realizada no Sindicato Rural de São Luiz Gonzaga, documento concedendo incentivos ao projeto Norobios, que prevê a implantação de uma usina de álcool e outra de energia elétrica a partir do aproveitamento do bagaço da cana.
Os benefícios do governo do Estado à companhia referem-se ao Fundopem, à desoneração nas aquisições de máquinas e equipamentos para instalação da indústria (desde que fabricados no Rio Grande do Sul) e na compra de outros se não houver similar no Estado. Também será concedido crédito presumido de ICMS de 75%, nos quatro primeiros anos, e de 50% nos quatro anos seguintes.
As obras do projeto Norobios devem iniciar no segundo semestre deste ano e ser finalizadas em 2012. Segundo informações do governo gaúcho, o empreendimento absorverá um investimento de cerca de R$ 320 milhões. A empresa pretende aumentar gradativamente a capacidade de produção da sua usina de álcool. A planta começará moendo em torno de 650 mil toneladas de cana anualmente, passando para algo em torno de 1,4 milhão de toneladas anuais no quarto ano.
Na sua primeira fase, o complexo deverá ter uma capacidade anual para produzir 60 milhões de litros de álcool e, posteriormente, chegará a 122 milhões de litros. Além disso, através dos resíduos de bagaço da cana, será possível gerar 28 MWh em energia elétrica para o sistema interligado nacional.
"É um ciclo novo, que se inicia a partir de São Luiz Gonzaga", destacou a governadora. Yeda acrescentou que a valorização da energia limpa é uma visão de futuro e confirma a vocação "da terra como caminho do desenvolvimento sustentável para o Rio Grande do Sul".
De acordo com o diretor-presidente da Noroesthe Bioenergética, Cláudio Morari, a iniciativa é pioneira e vai consolidar a posição do Rio Grande do Sul no cenário nacional de energia limpa. "Serão gerados 2 mil empregos diretos e indiretos. É um projeto ambicioso do ponto de vista energético, tecnológico e humano", afirmou o executivo.
Petrobras fará pesquisa com biocombustível na Antártida
A Petrobras fará pesquisas sobre o uso de biocombustíveis sob baixíssimas temperaturas na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), da Marinha brasileira na Antártida. O diretor de abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, explicou que a pesquisa vai testar o uso de biodiesel e etanol sob as situações de clima mais rigorosas do planeta. Os estudos serão parte de acordo de cooperação assinado ontem entre a Petrobras e a Marinha.
O acordo, que prevê investimentos de R$ 3 milhões da empresa, terá duração de quatro anos e tem como objetivo a implantação de um novo sistema de recebimento de combustíveis contínuo, rápido e seguro contra vazamentos na EACF. Em contrapartida, a empresa vai realizar no local as pesquisas de combustíveis renováveis.
Costa explica que, atualmente, o abastecimento da EACF é feito com a utilização de pequenas balsas, o que torna o processo muito lento. O novo sistema prevê a instalação de um carretel de cerca de mil metros, de tubo flexível retrátil, cuja extremidade será conectada ao navio em operações de descarga de combustível. Os combustíveis hoje fornecidos pela Petrobras à EACF - diesel, óleo combustível e querosene de aviação - são especiais e adequados para suportar as baixas temperaturas locais.
Segundo ele, as pesquisas com combustíveis renováveis que serão realizadas na Antártida visarão, inicialmente, apenas ao uso no local, mas admite que nada impede que os produtos a serem desenvolvidos possam ser deslocados para outros mercados, como para aquecimento na Europa. "Mas vamos agora apenas iniciar os testes, não há previsão de substituição dos combustíveis hoje usados lá para esses biocombustíveis", afirmou.
O acordo é o segundo convênio firmado entre a Marinha e a Petrobras para atuação na Antártida. O anterior levou a investimentos de R$ 10 milhões e consistiu na construção de 10 tanques de aço inoxidável e um sistema de automação da tancagem.
(JC-RS, 20/01/2010)