George Kaser, cientista do Instituto de Glaciologia de Innsbruck, afirmou ter alertado seus colegas do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre um erro a respeito do Himalaia, que hoje obriga os especialistas a corrigirem seu relatório.
O IPCC anunciou nesta segunda-feira (18/01) uma pesquisa sobre recentes acusações questionando suas previsões sobre o desaparecimento das geleiras do Himalaia em 2035, no segundo capítulo do relatório de 2007, dedicado aos impactos regionais das mudanças climáticas.
"No fim de 2006 (...), me dei conta desse erro e de alguns outros. Foi antes da última revisão, mas antes da publicação, portanto existia a possibilidade de modificar" o texto, disse Kaser, procurado pela AFP. "Eu disse a eles", insistiu. "Mas, por motivos que desconheço, ninguém reagiu", afirmou, lamentando a atitude de seus colegas.
O professor Kaser confessou temer que este "caso" afete a credibilidade dos especialistas do IPCC. Em seu quarto relatório, publicado em 2007, o IPCC advertiu que as geleiras da cordilheira do Himalaia estão derretendo mais rápido do que as outras geleiras do mundo, e que "poderia desaparecer até 2035 ou mesmo antes".
Mas o prazo até 2035, de discutível valor científico, pode não estar baseado em nenhuma pesquisa, segundo revelações do Sunday Times, divulgadas no último fim de semana.
Este caso pode trazer um novo revés para os estudiosos do painel do clima da ONU, encarregados de dar sustentação científica às decisões dos políticos, após o caso do "climategate" que veio à tona antes da cúpula de Copenhague.
A polêmica começou quando milhares de e-mails pirateados de especialistas da universidade de East Anglia, no Reino Unido, sugeriram que o aquecimento global não é causado pela atividade humana.
(AFP / UOL, 18/01/2010)