O Rio de Janeiro continua sujo. Mesmo depois do prefeito Eduardo Paes chamar quem joga lixo nas ruas e praias de porco a cidade continua com um volume excessivo de sujeira em áreas públicas. O G1 percorreu trechos da orla da Zona Sul e ruas de bairros da região e encontrou garrafas plásticas jogadas na areia, papel arremessado de carros e prédios e até entulhos espalhados pelas calçadas.
É muito difícil coibir esse hábito acintoso de jogar lixo no chão. É uma questão de educação das pessoas. Estamos utilizando todos os recursos, com campanhas, equipamentos e serviços para atender a população. Mas não é uma tarefa fácil”, afirma a presidente da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), Angela Fonti, ressaltando que o custo da empresa é de R$ 700 milhões. Deste total, R$ 400 milhões são gastos na limpeza de áreas públicas. Ou seja, cerca de 60% em faxina.
“Muitos reclamam que as papeleiras são pequenas, mas elas foram instaladas para que as pessoas joguem coisas de pequena monta, como o papel de bala, copinhos ou embalagem de picolé. O lixo domiciliar deve ser colocado em sacolas para que sejam recolhidas pelos caminhões, que passam, periodicamente, na hora certa”, explica a presidente.
Educação, sem dúvida, conta. Na segunda-feira (11), em plena Praia de Copacabana, na Zona Sul, o pai chamou a atenção da filha de cinco anos, que jogara uma garrafa de água na areia. A pequena, a contragosto, atendeu ao pedido do pai para que jogasse o objeto na lixeira, mas ele recebeu uma resposta malcriada: “Eu não sou gari, não, tá?”
O episódio ocorreu próximo ao local onde o prefeito mandou instalar o chamado lixômetro, para medir a produção de lixo em toda a cidade. Um cartaz informa que “a cada hora, meia tonelada de lixo é abandonada na praia”.
“A gente viaja para outras cidades, para o exterior, e não encontra tanta sujeira como essa do Rio. É um título que o carioca deveria rejeitar, se envergonhar. Jogam lixo nas ruas, deixam o cachorro sujar os espaços públicos. Um horror”, lamenta o arquiteto Julio Brígido, 46 anos, que mora em Ipanema.
Genilson Inácio Rosa, 38, e Julio César Oliveira, 29, também reclamam do lixo jogado de qualquer maneira em áreas públicas. Eles sabem do que falam. Os dois fazem parte de uma cooperativa de catadores e exibem as mãos cheias de cicatrizes provocadas pelos objetos cortantes jogadas nas areais e nas ruas.
“As pessoas deveriam aprender a separar seu lixo. A coleta seletiva é boa para todo mundo. É só ter um pouquinho de paciência e boa vontade”, ensina Genilson.
Números da sujeira do Rio
Lixo gerado diariamente: 8.840 toneladas
Lixo público: 3.254 toneladas/dia
Lixo domiciliar: 4.287 toneladas/dia
Geração de lixo per capita: 1 a 1,5 kg/dia. A exceção é o Centro, onde cada indivíduo produz, em média, 3,5 kg/dia
A cidade do Rio é atendida com 122 mil papeleiras, 165 mil contêineres e 500 cestas verdes para recepção de pilhas e baterias.
O quadro da Comlurb é de12.700 garis, sendo que 2.400 garis são responsáveis só por varrer as ruas
Locais que exigem mais atenção da Comlurb
Avenida Rio Branco = 580 kg/dia
Avenida Presidente Vargas = 780 kg/dia
Calçadão de Campo Grande = 4,5 toneladas/dia
Avenida Nossa Senhora de Copacabana = 4 toneladas/dia.
Obs: A Rio Branco é varrida seis vezes por dia (de segunda a sábado) e três vezes nos domingos.
Praias
São removidos diariamente de lixo na orla, incluindo os quiosques, em alta temporada, 60 a 70 toneladas. Aos sábados, 100 a 120 toneladas, e domingos, 150 a 180 toneladas.
(G1 / AmbienteBrasil, 18/01/2010)