Com 2% das vendas, segmento reúne a maioria dos conceitos
O discurso sobre carros "ecológicos" é tão escorregadio quanto a neve que cobre Detroit nesta época do ano. Muito se promete, mas poucos projetos viáveis têm saído do papel.
O festival de conceitos elétricos e híbridos em salões não é novidade, mas ainda é estranho vê-los na cidade que ficou caracterizada pela produção de carros "beberrões". No primeiro salão da era Obama, que apertou as regulamentações ambientais, as americanas querem mostrar seu leque de carros "verdes".
A GM, por exemplo, que ensaia há tempos lançar o Volt, mostra o híbrido mais uma vez. Agora, porém, anuncia o preço. Custará, quando chegar às lojas no final do ano, US$ 40 mil -o Civic a gasolina custa a metade.
Já dando o segundo passo, a Toyota, líder do segmento, anuncia a expansão da linha Prius (US$ 22 mil). Até 2015, serão mais oito modelos ou com motores híbridos ou a pilha de combustível.
A montadora ainda apresenta o conceito FT-CH, cerca de 20 cm menor que o Prius e com estilo retrô. Dará origem ao compacto da família.
Com cerca de 98% do mercado dominado pelos veículos exclusivamente a combustão, o presidente da Toyota, Jim Letz, aponta que o alto custo das baterias e a criação de uma estrutura de recarga pelo país ainda são desafios para o segmento.
Além do mais, apenas 5% dos americanos levam em consideração questões ambientais na hora de comprar um carro. A esperança do setor é que o governo aprove lei que ofereça incentivos fiscais para a compra de carros "ecológicos".
Tempos difíceis
Outra empresa japonesa na vanguarda da tecnologia é a Honda, que mostra a versão de produção do cupê esportivo CR-Z. Um motor elétrico ajuda o propulsor (1.5) a gerar 122 cv.
Mas foi o Ford Fusion Hybrid (US$ 27 mil) que levou o título de "Carro do Ano da América". Pela quarta vez um híbrido recebeu o prêmio. Em tempos difíceis para as norte-americanas, a alemã Volkswagen resolveu botar as mangas de fora.
A montadora apresentou o conceito NCC, um cupê compacto com motor híbrido. Suas linhas, no entanto, servirão de inspiração para a próxima geração do sedã Jetta, que também promete desembarcar no Brasil para atormentar a vida de Corolla e Civic. "A Volks se sente em casa nos EUA e acredita na recuperação do mercado", afirma Stefan Jacoby, presidente da marca, de olho na liderança mundial da VW em 2018, principal meta da companhia.
Entre os elétricos, é a chinesa BYD que chama a atenção. Sua minivan e6 (emissão zero) promete recargas rápidas da bateria. Em dez minutos é possível ter autonomia para rodar 330 quilômetros. Já a BMW apresenta o compacto Série 1 (170 cv) movido a bateria de íon de lítio que pode ser plugado em tomadas convencionais. O modelo chega em 2012.
(Por Ricardo Ribeiro, Folha de S. Paulo, 17/01/2010)