(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
monsanto transgênicos
2010-01-18 | Tatianaf

Quem entra na sede da filial brasileira da Monsanto Company, encravada na região da avenida Luís Carlos Berrini, na zona sul de São Paulo, se depara com um visual despojado que faz lembrar uma empresa moderninha, dessas nascidas na onda da internet. Tudo por lá destoa da imagem sisuda, típica das corporações que atuam em segmentos áridos como a produção de sementes e defensivos agrícolas. A começar pelo presidente André Dias, de 42 anos.

Formado em engenharia aeronáutica, ele ingressou na companhia em 1991 e ocupou diversos postos no Brasil e no Exterior. Amante de música clássica, Dias trabalha ao som de óperas de autoria de maestros como Verdi e Puccini. Vez por outra acende um incenso para "energizar" o ambiente. Com seu estilo descolado e jovial, o executivo sintetiza a nova Monsanto, uma companhia que já foi chamada de satanás da agricultura por seu trabalho na área de desenvolvimento de sementes transgênicas (geneticamente modificadas), mas que conseguiu reverter sua imagem de forma espetacular.

Antes execrada por ambientalistas, por parte da imprensa e até por governos, a empresa hoje recebe elogios até de seus antigos detratores - entre eles, Bill Gates, atualmente um defensor contumaz da biotecnologia na agricultura. A próxima edição da revista americana Forbes, que sai no dia 18 de janeiro, elege a Monsanto como companhia do ano - e não apenas por seu desempenho financeiro. "Nada contra os transgênicos foi confirmado até hoje", afirma Dias. Afinal, o que fez a companhia para conseguir virar o jogo a seu favor? Presidente mundial da Monsanto Company, o escocês Hugh Grant é um dos artífices dessa transformação. Desde que assumiu o posto, em 2003, o executivo sofreu um bombardeio implacável dos ecologistas.

A outrora vilã da agricultura mundial agora recebe elogios de personalidades como Bill Gates e, graças às sementes transgênicas, se firma como a maior fabricante de insumos para o setor.

Com o passar dos anos, porém, e munido de estatísticas que comprovam o aumento real da fome no mundo, Grant conseguiu demonstrar que as sementes transgênicas são importantes para a multiplicação dos alimentos disponíveis no planeta. "A biotecnologia pode ajudar a resolver o problema da fome no mundo", disse Grant em entrevista exclusiva à DINHEIRO. No jogo da agricultura globalizada, a pedra de toque é a produtividade. Para alimentar um exército de 1,3 bilhão de pessoas, a China, por exemplo, aderiu incondicionalmente aos transgênicos. Na avaliação dos especialistas, é apenas uma questão de tempo para que bastiões contrários aos transgênicos, como França e Alemanha, sigam o mesmo caminho. Afinal, com a expectativa de crescimento de 35% da população global em 40 anos, aliado ao aumento da demanda por comida, essa conta só vai fechar se os agricultores aderirem à biotecnologia.

Aos longo dos anos, o debate em torno dos transgênicos assumiu uma postura de disputa entre torcidas de futebol. Uma espécie de Fla- Flu ou Corinthians versus Palmeiras. De um lado, os ambientalistas. "As sementes desenvolvidas pela Monsanto colaboram para a vulnerabilização da agricultura, pois reduzem a biodiversidade", afirma Rafael Cruz, coordenador do Greenpeace. De outro, as empresas agrícolas se defendendo. No meio da turbulência, a comunidade científica, que passou muito tempo debruçada sobre esse assunto. Se ainda não existe um consenso mundial a respeito dos perigos que os transgêncios podem representar (se é que realmente existe algum), até hoje nenhum estudo científico conseguir dar um veredicto final que resolva a questão. Isso favoreceu a Monsanto. Um dos entusiastas da biotecnologia no campo é Walter Colli, respeitado cientista que preside a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Sob seu comando, a entidade encarregada de aprovar a venda de sementes abriu as portas da lavoura brasileira para os transgênicos. "Nossas decisões são técnicas e respaldadas em avaliações de cientistas de universidades e institutos de pesquisas", diz Colli. Segundo ele, o Brasil se deixou contaminar pelo lobby de empresas europeias que viam a modernização da agricultura brasileira (leia-se transgênicos) como uma ameaça.

Com o esfriamento das críticas e o aparecimento de pesquisas que comprovam os ganhos de produtividade gerados pelos transgênicos, os agricultores passaram a investir sem culpa nesse tipo de produto. É o caso de Victor Cézar Priori, dono do Grupo Paraíso, que fatura R$ 200 milhões por ano. Em suas fazendas em Jataí (GO), a capital brasileira do milho, ele pretende ocupar 70% da área de 14 mil hectares com a variedade desenvolvida pela Monsanto. "A biotecnologia é sinônimo de competitividade e lucro para o agricultor brasileiro", pontifica Priori. "Sem ela, ficaremos de fora do mercado globalizado." Na ponta do lápis, segundo ele, os ganhos chegam a 15% em relação ao milho convencional. Até pouco tempo atrás, afirmações como essa poderiam causar uma onda de represálias. No início da década, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) protagonizaram diversos ataques a lavouras e unidades da Monsanto. As ações incluíram desde invasão de áreas, como a estação experimental de Ponta Grossa (PR), ocorrida em 2003, até a queima de lavouras, especialmente de soja. O crescimento da população mundial vai exigir um rápido aumento na produção de grãos. E isso só É viável com os transgênicos

A virada de jogo permitiu à Monsanto obter nos últimos anos consecutivos recordes de lucratividade. No período 2000-2009, as vendas líquidas da empresa dobraram para US$ 11,7 bilhões, enquanto o lucro líquido saltou de forma expressiva, para US$ 2,1 bilhões. Graças à aposta em biotecnologia, a Monsanto se tornou líder global do multibilionário segmento de insumos agrícolas. O Brasil vem dando uma contribuição valiosa nesse processo. Com receitas de R$ 3,2 bilhões, o País se tornou o segundo maior do mundo em faturamento. Perde apenas para a matriz. Por aqui, as vendas crescem na casa dos dois dígitos e devem continuar avançando neste ritmo. "Temos como meta elevar o faturamento para o patamar de R$ 6 bilhões até 2012", afirma o presidente Dias. Hoje, 67% da soja plantada no Brasil vem de sementes geneticamente modificadas. É ainda pouco perto da proporção registrada em países como Estados Unidos e Argentina, onde a penetração dos transgênicos está em torno de 95%. Para avançar no Brasil, a empresa investiu recentemente US$ 300 milhões na compra das empresas de biotecnologia Alellyx CanaVialis e pretende gastar outros US$ 300 milhões no desenvolvimento de novas variedades de cana-deaçúcar. De fato, a biotecnologia provocou uma profunda mutação na trajetória da empresa.

"As sementes transgênicas já provaram seu valor para a agricultura"

A adesão às sementes transgênicas deverá colocar o Brasil em uma posição de destaque no cenário agrícola global. Essa é a aposta de Hugh Grant, presidente mundial da Monsanto Company.

O sucesso da Monsanto mostra que os críticos dos transgênicos, especialmente o Greenpeace, estavam errados?
Não reduzimos o debate sobre os transgênicos a uma questão de certo ou errado. Nosso trabalho é pautado em garantir que os agricultores tenham o direito de escolher ferramentas que os ajudem com seus negócios e atendam às necessidades do nosso planeta em crescimento. Sempre há dúvidas com relação a novas tecnologias. Hoje, com mais de um bilhão de acres de culturas biotecnológicas, plantadas em todo o mundo há mais de uma década, os resultados práticos e científicos comprovam que a biotecnologia ajuda a melhorar a produção.

Os transgênicos foram apontados como a solução para combater a fome nos países pobres. Por que isso ainda parece tão distante?
Em diversos países onde a biotecnologia está atuando existem avanços. Um bom exemplo acontece na Índia, onde o uso de sementes de algodão geneticamente modificadas gerou um ganho de produtividade que permitiu aos agricultores vender a produção excedente, proporcionando aumento da renda. A pobreza e a fome são problemas socioeconômicos muito complexos. A biotecnologia não vai solucionar tudo, mas pode ajudar a melhorar a produtividade e a quebrar o ciclo de pobreza na Índia e na África.

Qual a sua opinião sobre a agricultura brasileira? O sr. acredita que o País pode se tornar o celeiro do mundo?
O Brasil é um mercado importante para nós. Tanto que investimos cerca de US$ 1 bilhão no País nos últimos dez anos. Nesta conta estão desde o aumento da produção de sementes e a modernização de fábricas até a aquisição de três empresas: Alellyx, CanaVialis e MDM. Atualmente, o desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira, o fortalecimento do processo regulatório no Brasil e o respeito à propriedade intelectual levam-me a acreditar que há um futuro brilhante para o negócio da biotecnologia no Brasil. E isso contribuirá para o aumento da produção de grãos na mesma área plantada.

E qual é a participação da filial nos resultados financeiros globais?
Não medimos nosso negócio dessa forma. Vemos oportunidades de crescimento no País, na medida em que os agricultores de fora dos EUA começam a perceber o valor que uma semente que carrega duas ou mais características biotecnológicas pode representar para seus negócios. Os agricultores do Brasil ou do Alabama são empresários e compram sementes com base na performance. Estamos muito felizes de termos produtos e tecnologias que oferecem este desempenho.

Qual é a fórmula para se manter no comando de uma grande empresa como a Monsanto por longos sete anos?
O segredo é se cercar de pessoas inteligentes que somam diferentes talentos e experiências, além de trabalhar voltado para um objetivo em comum, que, na Monsanto, é ajudar os agricultores a aumentar a produtividade de suas lavouras.

(Por Rosenildo Gomes Ferreira, Terra, 15/01/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -