Entre 45 mil e 50 mil pessoas morreram e mais de 3 milhões ficaram desabrigadas no forte terremoto que atingiu o Haiti --em especial a capital, Porto Príncipe--, nesta terça-feira (12), segundo estimativas divulgadas hoje pela Cruz Vermelha naquele país. A instituição enviará 40 toneladas de remédios e material médico ao Haiti, de Genebra.
O grande número de mortos e feridos na tragédia deixou o sistema de saúde local em caos. Centenas de corpos foram acumulados nos arredores do hospital central de Porto Príncipe, informaram testemunhas à agência de notícias Reuters. Picapes deixam no local os corpos retirados dos escombros do terremoto.
O terremoto, que alcançou 7 graus de magnitude, segundo medição do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), devastou muitos prédios da capital Porto Príncipe --incluindo o Palácio Presidencial e a casa do presidente, René Préval.
Ontem, Préval afirmou à TV americana CNN que ainda eram confusas as informações sobre o número de mortes. "Ouvi que poderiam ser 50 mil. Outros dizem centenas de milhares. A verdade é que não sei. É cedo demais para saber." Mais cedo, o premiê do país, Jean-Max Bellerive, havia dito acreditar que o número estivesse "além dos 100 mil".
Entre os brasileiros, o Comando do Exército confirmou na manhã desta quinta-feira a morte de 14 militares da Minustah, a missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, da qual fazem parte 1.266 militares brasileiros. Outros quatro estão desaparecidos sob os escombros do Hotel Cristopher, base da ONU em Porto Príncipe, que ficou destruído.
Conforme o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, excetuando os brasileiros, morreram, no prédio da ONU, três jordanianos, um argentino e um chadiano.
A lista de vítimas brasileiras inclui também a médica pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Ela estava em Porto Príncipe para uma missão humanitária e faria uma palestra nesta quarta-feira (13). Segundo Rubens Arns Neumann, um dos filhos de Zilda, ela estava discursando em uma igreja no momento do terremoto.
Também hoje, a ONG Save the Children, com sede no Reino Unido, disse acreditar que 2 milhões de crianças tenham sido afetadas pelo tremor, "e o dano emocional dos que estão sofrendo poderá durar toda a vida", disse Gareth Owen, diretor de emergências da ONG. "Esta é uma experiência incrivelmente traumática para as crianças do Haiti."
Conforme a ONG, muitas crianças haitianas estão separadas de suas famílias porque, quando o terremoto aconteceu, estavam na escola.
Diversos países e organizações estão enviando dinheiro, materiais de primeira necessidade --como água potável-- e tropas para o Haiti. O Brasil envia ainda hoje um avião com água e alimentos, além de 50 bombeiros do Rio e do Distrito Federal e cães farejadores que irão auxiliar na busca por sobreviventes e corpos.
(Folha Online, 14/01/2010)