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processos de despoluição lago guaíba
2010-01-14 | Barbosa

Com o objetivo de discutir e fazer um balanço das ações até agora realizadas no sentido da recuperação do maior manancial de água de Porto Alegre, a editora Armazém Digital promove o debate "A despoluição do lago Guaíba", com a participação de Teresinha Guerra, geóloga, presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, e Rualdo Menegat, geólogo, coordenador geral do "Atlas Ambiental de Porto Alegre", dia 20 de janeiro, quarta-feira, às 19h, na Associação Riograndense de Imprensa (Av. Borges de Medeiros, 915 - 8º Andar).

Após o debate, será realizado o lançamento do livro "Manual para saber por que o Guaíba é um lago - Análise integrada de geologia, geomorfologia, hidrografia, estratigrafia e história da ciência", de Rualdo Menegat e Clovis Carlos Carraro (ISBN 978-85-88715-64-6; 108 páginas; 14 x 21 cm; Armazém Digital; R$ 21,00).

O Manual apresenta, de forma integrada, conceitos das Ciências da Terra e da Geologia, em particular, com a finalidade de ajudar a conhecer melhor o Guaíba. O objetivo do livro é discutir por que o Guaíba é um lago, pois, para cuidar bem dele, devemos entender qual é sua verdadeira dinâmica natural. Do ponto de vista ambiental, é muito diferente considerá-lo como rio - que enseja a ideia de que "tudo leva" - ou como lago - que tem a função de reservatório de água e materiais. Como lago, o esforço para preservar o Guaíba deve ser maior, afinal ele é o principal manancial onde é captada água para abastecer Porto Alegre.

O Guaíba é, assim, nosso mais importante bem ambiental, e a vida de Porto Alegre depende totalmente dele. Não podemos ter dúvidas quanto ao incomensurável valor ambiental e estratégico do Guaíba. Mas é preciso fazer um enorme esforço para recuperar suas águas, que se encontram muito poluídas. A megacidade descarta anualmente um volume de esgotos domésticos equivalente a 79 vezes o volume do Guaíba (em torno de 1 km³), e 14 vezes o perigoso esgoto industrial. Ou seja, lançamos um volume equivalente a 93 vezes o volume do próprio lago. Além das águas, devemos recuperar também suas margens, sua paisagem, sua fauna, sua flora, seus rochedos, sua areia e sua argila. Isto é, o Guaíba precisa ser resgatado em toda sua integridade física, geológica, geomorfológica, hidrográfica, ecológica, paisagística, e, ao mesmo tempo, cultural.

O objetivo do Manual não é o de esgotar o assunto, mas ser um instrumento didático, um guia para qualificar a descoberta da paisagem que nos cerca. O Guaíba como lago acumulou em seu leito parte da história de sua contaminação. O problema é que essa "memória" guardada nas camadas de argila e areia de seu fundo pode voltar a contaminar a água, caso seja remexida. Como lago, ele não arrasta suas mansas margens, e isso enseja maior probabilidade de acumular os poluentes que nele são despejados. Como escreveu o professor Hans Augusto Thofehrn, em 1981, o Guaíba "é impróprio para despejo in natura de resíduos industriais e cloacais, e posterior captação de água, porque a matéria despejada não flui".

Por isso, precisamos de fato conhecer, isto é, buscar a verdade, sem imposições e constrangimentos. Assim estaremos também ajudando a preservar o Guaíba, a construir uma "cultura do Guaíba", fazendo uso de formas científicas de pensar e construir uma ciência cidadã.

Primeiro volume da Coleção POA 21 da editora Armazém Digital ( armazemdigital.com.br), que se propõe a discutir temas relacionados ao futuro da cidade. Impresso em papel reciclado.

Rualdo Menegat é professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da UFRGS, Geólogo, mestre em Geociências e Doutor em Ciências. Recebeu a Medalha de Porto Alegre, a Máxima distinción de la Investigación Calificada da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, Peru; a Medalha de Honra da Cidade de Trujillo, Peru; a Medalha Irajá Damiani Pinto, do Instituto de Geociências da UFRGS; Coordenou o Atlas Ambiental de Porto Alegre, que recebeu, Prêmio Meio Ambiente da Rede de Mercocidades Solidárias, a Distinção do Mérito Ambiental do Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU/UNEP), a Distinção no Prêmio Internacional para as melhores práticas na melhoria do Meio Ambiente conferido pela Municipalidade de Dubai e pelo Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU/Habitat).

Clovis Carlos Carraro é professor Titular do Departamento de Geodésia do Instituto de Geociências da UFRGS, Engenheiro de Minas, Mestre em Sensoriamento Remoto e Doutor em Geociências. Diretor do Instituto de Geociências de 1989 a 1992; Recebeu a Ordem do Mérito Cartográfico - Grau Cavaleiro, Sociedade Brasileira de Cartografia; a Medalha e Diploma de serviços relevantes, Sociedade Brasileira de Cartografia e Earth Observation Satellite; o Diploma por serviço relevante prestado à Nação, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do RS; a Medalha Irajá Damiani Pinto, do Instituto de Geociências da UFRGS; Coordenador-adjunto do Atlas Ambiental de Porto Alegre.


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