Aportes podem chegar a US$ 20 bilhões se ambiente for favorável
O ano promete ser agitado na indústria brasileira de celulose. Diante das postergações de alguns investimentos em 2009 e da reorganização da Aracruz e da Votorantim Celulose e Papel (VCP), que se uniram e deram origem à Fibria em setembro passado, os principais fabricantes do País precisam decidir neste ano o cronograma dos primeiros projetos do novo ciclo de expansão do setor.
Isso se quiserem aumentar a oferta para acompanhar o crescimento de demanda, que tende a se acentuar nos próximos anos. Em um cenário menos otimista, ao menos US$ 5,5 bilhões em aportes precisam ser definidos até o final de 2010. Mas esse número pode saltar para quase US$ 20 bilhões caso o ambiente de negócios permita projeções de investimentos para o longo prazo.
A lista de empresas que deverão decidir sobre novos projetos ao longo de 2010 inclui Fibria, Veracel, Suzano Papel e Celulose e Cenibra. Mas outras empresas, casos da Stora Enso e Klabin, também podem divulgar novidades sobre seus planos de expansão. Líder do mercado global de celulose de eucalipto e com menos de cinco meses de existência, a Fibria ainda não anunciou seu plano de investimentos, que deverá incluir projetos divulgados anteriormente pela Aracruz e pela VCP. De acordo com o anunciado pela companhia em outubro passado, o primeiro novo projeto deve entrar em operação daqui a três anos.
Não há, no entanto, uma definição de qual será a unidade escolhida até o momento. A princípio a Fibria acreditava que poderia concluir a duplicação da Veracel, joint venture que possui com a sueco-finlandesa Stora Enso, até o final de 2013. Esse prazo, no entanto, não deve ser cumprido devido a problemas enfrentados pela companhia em obter licença ambiental para ampliar a base florestal na região próxima à fábrica, localizada em Eunápolis (BA).
A definição sobre o projeto da Veracel determinará também o cronograma da expansão da fábrica da Fibria de Três Lagoas (MS). Caso o projeto com a Stora Enso enfrente dificuldades, é possível que a ampliação da unidade sul-mato-grossense ocorra antes da Veracel, entre 2013 e 2014. O projeto de expansão da Veracel foi orçado preliminarmente em US$ 1,2 bilhão, segundo divulgado pela Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), enquanto a duplicação da fábrica de Três Lagoas pode envolver até US$ 2 bilhões, segundo estimativas calculadas a partir de valores dos projetos já anunciados no mercado.
A Suzano é outra companhia que deverá definir investimentos em 2010. Apesar de manter inalterados os planos de construir duas fábricas no Nordeste, em 2013 e 2014, a companhia postergou a decisão sobre a ampliação da capacidade da fábrica de Mucuri (BA). O projeto, estimado inicialmente em US$ 630 milhões, incluindo investimentos na base florestal, deve ter seu destino definido neste ano para que seja implementado até 2012. Do contrário, o projeto tende a ser postergado para depois de 2015 ou suspenso temporariamente.
Unidade da Stora Enso no Estado é esperada para 2010
Além dos projetos citados, outros investimentos, de mais longo prazo, podem ter seus detalhes divulgados neste ano. Nessa lista constam a terceira fábrica da Suzano, com início de operação previsto para 2015; a unidade que a Stora Enso pretende construir no Rio Grande do Sul, ainda sem cronograma definido; a fábrica de celulose já anunciada pela Klabin, com início de produção previsto para a partir de 2015; o projeto da Celulose Riograndense (ex-Unidade Guaíba da Fibria), cujo cronograma em análise pelos chilenos da CMPC pode apontar para início da produção entre 2014 e 2015, além de mais uma fábrica da Fibria, a operar provavelmente a partir de 2017 no Rio Grande do Sul ou no Espírito Santo.
A definição da viabilidade desses projetos se torna mais factível à medida que o ambiente de negócios se torna mais claro. "O mercado está bastante demandante para novas capacidades de baixo custo e o cenário do câmbio sinaliza para maior estabilidade", destaca o analista da Link Investimentos Leonardo Alves.
Beneficiadas pelo aumento da demanda por celulose de fibra curta, caso do eucalipto brasileiro, e pelo fechamento de capacidades de unidades pouco competitivas do hemisfério Norte, as fabricantes pretendem se adequar ao aumento da demanda previsto para os próximos anos. A despeito das preocupações com a recente desvalorização do dólar frente ao real. "Todo exportador quer um dólar valorizado", afirma o analista da SLW Corretora Pedro Galdi.
(JC-RS, 14/01/2010)