Prefeitura de Porto Alegre aguarda resultado da análise da água para explicar o fenômeno
As centenas de peixes que apareceram mortos no Arroio Dilúvio na tarde de segunda-feira se converteram em milhares ontem.
Asuperfície da água ficou coberta por um tapete de jundiás, pintados e carás em trechos próximos ao Guaíba, causando espanto a quem passava pela Avenida Ipiranga, em Porto Alegre.
A prefeitura da Capital aguardava para hoje um laudo do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) para tentar determinar a causa da mortandade. Ainda na segunda-feira, técnicos do departamento coletaram água do arroio para análise, nas imediações da Avenida Erico Verissimo, onde os peixes apareceram boiando.
– Ainda não sabemos se as mortes foram causadas por algum produto tóxico ou se são resultado de um processo natural, se os peixes subiram do Guaíba para o Dilúvio e morreram por falta de oxigênio na água – afirmou o secretário municipal do Meio Ambiente, professor Carlos Garcia.
Pela manhã, alguns peixes ainda se debatiam entre os muitos que boiavam mortos. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) recolheu os cardumes. Pequenos e em grande número, foi impossível contá-los. O aposentado Marcos Pereira, 48 anos, testemunhou a mortandade e ficou surpreso:
– Passo por ali todos os dias. Já houve isso em outros anos, mas o que aconteceu agora foi demais. Olho sempre para o Dilúvio para ver o nível da água, e me apavorei.
Um dos episódios anteriores ocorreu em 2009, quando os peixes que nadavam no Dilúvio não suportaram a quantidade de alvejante despejada no riacho pela rede de esgoto. Dois anos antes, também morreram milhares de lambaris, jundiás e carás em razão de substâncias químicas presentes na água do Dilúvio.
Quantidade surpreendente
- A prefeitura associa a grande presença de peixes no Dilúvio ao combate à degradação do arroio. O trabalho teria melhorado a oxigenação da água
- Em três anos de dragagem contínua, o DEP retirou 132 mil toneladas de material (areia e entulhos) do leito. É mais do que o peso dos maiores porta-aviões do mundo
- O despejo de esgoto também diminuiu de 144 litros por segundo, em 2007, para cem litros por segundo, no ano seguinte
- Especialistas sugerem outras hipóteses. Uma das possibilidades é de que a água tenha ficado mais profunda, fazendo com que os peixes tenham mais espaço para nadar
(Zero Hora, 14/01/2010)