A Aracruz Celulose (Fibria) vai expandir sua produção nos próximos dois anos, criar uma nova linha fabril em 2014 e, operacionalmente, isso passa pelo pedido de novas licenças para plantios, inclusive ao sul da Bahia. A informação foi divulgada pelo jornal “Valor Econômico”, nesta quarta-feira (13). Segundo declaração do presidente da empresa, Carlos Aguiar, duas de suas indústrias também serão ampliadas.
A expansão dos plantios de eucalipto se dará através da Veracel 2, no sul da Bahia. A Veracel é uma joint venture que a empresa mantém com a finlandesa Stora Enso, e para dar continuidade ao plantio a Fibria teve que vender a sua unidade em Gaíba, no Rio Grande do Sul, para a chilena CMPC, por US$ 1,43 bilhão.
A previsão dos ambientalistas, com a expansão da fábrica no sul da Bahia e de seus plantios (produção prevista para produzir 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose), é de desastre iminente. Segundo eles, a do norte do Estado e a do sul da Bahia são praticamente uma coisa só e sua expansão só traria mais impactos para ambos os estados.
No ano passado, por exemplo, a Justiça Federal na Bahia condenou a Veracel a recuperar 96 mil hectares de mata atlântica (área pouco menor que a cidade do Rio de Janeiro), que destruiu para plantar eucalipto.
Para eles, os planos da Fibria mostram que sua atuação não será diferente da antiga Aracruz Celulose, acusada de desmatar e gerar inúmeros impactos ambientais e sociais, e que, apesar de continuar se expandindo em novas áreas, ainda não desocupou aquelas que são tradicionalmente quilombolas, no Espírito Santo.
Antes de se tornar Fibria, a Aracruz Celulose e a Stora Enso dividiam em partes iguais as ações da Veracel. Juntas, desmataram mais de 50 mil hectares de mata atlântica no Estado. A empresa usa, até hoje, as chamadas capinas químicas – um coquetel de agrotóxicos, com predominância de herbicidas e formicidas – nos eucaliptais. Os venenos contaminam a terra, a água, a fauna e a flora. E contaminam também os poucos moradores, como os quilombolas, que resistem em pequenas propriedades em meio aos eucaliptais.
Além da Veracel 2, a Fibria poderá pôr em pé outras duas fábricas até 2020.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 13/01/2010)