Se por um lado o atual governo de Madagascar tem atraído críticas severas da comunidade internacional pelo fracasso em evitar a destruição ambiental nos últimos meses; França, Holanda, Marrocos e o Banco Mundial estão todos envolvidos no financiamento de operações de desmatamento ilegal nos parques nacionais do país ao longo do último ano.
Mesmo muitos governos condenando o aumento do desmatamento ilegal, vários, diretamente ou através de instituições que apóiam, são acionistas nos mesmos bancos que tem financiado a exportação de madeira ilegal da região de SAVA em Madagascar.
O Banco da África Madagascar, por exemplo, é em parte propriedade da Proparco, uma subsidiária da Agência Francesa de Desenvolvimento, assim como a Corporação Internacional de Finanças (IFC, sigla em inglês) do Banco Mundial, o banco de desenvolvimento holandês FMO, e o Banco Marroquino do Comércio Exterior. Société Générale e Crédit Lyonnais, ambos parte do governo francês, também forneceram empréstimos para negociadores ilegais de madeira.
O envolvimento de governos ocidentais e instituições internacionais no desmatamento ilegal é ainda mais arrebatador já que a União Européia, França, Estados Unidos, Banco Mundial e a IMF suspenderam um certo nível de financiamento para Madagascar devido a crise política que tirou o poder do ex-presidente Marc Ravalomanana no ano passado. Nenhum governo estrangeiro reconhece a atual administração de Andry Rajoelina e a ajuda foi suspensa em nome da restauração da ordem e da melhoria da governança.
Agora, o que se observa é que os dólares de investimento daqueles mesmos governos, diretamente no caso da França, Holanda e Marrocos, e através de contribuições do Banco Mundial, estão apoiando o desmatamento ilegal, um setor que depende pesadamente da governança corrupta em todos os níveis e que viola diversas leis do país.
A IFC e o FMO possuem cada uma mais de 10% das ações do Banco da África Madagascar, enquanto a Proparco e o governo marroquino possuem ações no grupo do Banco da África, acionista de 40% do Banco da África Madagascar. O governo francês também possui cerca de 4% do Societé Générale através do Caisse des Dépots e da empresa de seguros CNP. O Crédit Lyonnais é subsidiário do Crédit Agricole, cuja maior parte é pública.
(Por Rowan Moore Gerety, Wildmadagascar.org / Mercado Ético, 12/01/2010)