O papa Bento 16, nesta segunda-feira (11/12), denunciou o "fracasso" do mês passado, na conferência de Copenhague, na obtenção de um novo tratado climático.De acordo com o papa, a paz mundial depende de "cuidar da criação de Deus". Ele fez as declarações durante discurso anual a embaixadores credenciados pelo Vaticano, em ocasião voltada para destacar o que deve ser enfatizado pelo corpo diplomático desse Estado.
Bento 16 tem sido chamado de "papa verde" por frequentemente expressar preocupações sobre proteção ambiental, temática sobre a qual refletiu em suas encíclicas, viagens ao exterior, e recentemente em sua mensagem de paz anual, no 1º dia do ano.
Sob o olhar do papa, o Vaticano instalou células fotovoltaicas em seu auditório principal para converter energia solar em eletricidade e se juntou a um projeto de reflorestamento buscando cortar emissões de CO2. Para o pontífice, é uma questão moral: a Igreja ensina que o ser humano precisa respeitar a "criação de Deus" porque ela é destinada para o benefício do futuro da humanidade.
Resistências - Deste modo, ele criticou a "resistência política e econômica" para lutar contra a degradação ambiental, exemplificada nas negociações para obter um tratado que sucedesse o Protocolo de Kyoto, de 1997.
"Confio que, durante o curso deste ano (...) será possível alcançar um acordo para efetivamente lidar com esta questão", disse Bento 16.
Ele não nomeou os países culpados por fraudar as negociações, mas ele listou como vítimas nações-ilhas que sofrem riscos com o aumento do nível do mar e a África, onde a batalha por recursos naturais, aumento da desertificação e a exploração desenfreada da terra já teriam resultado em guerras.
No entanto, o papa reiterou sua oposição às teorias que defendem o controle de natalidade como forma de combater a mudança climática. Bento 16 disse que não se deve "contrapor a salvaguarda do ambiente à da vida humana, inclusive à da vida antes do nascimento". Ele também afirmou que o planeta "pode suficientemente nutrir todos os seus habitantes".
(Folha Online / AmbienteBrasil, 12/01/2010)