Os nove canteiros com ovos de tartaruga da espécie tigre d'água descobertos pelo Comando Ambiental da Brigada Militar sexta-feira, na localidade de Barra Falsa, interior do Rio Grande, permanecem sob vigilância às 24 horas do dia. O serviço é feito por guarnições do Comando Ambiental, com apoio de efetivo do Comando Regional de Policiamento Ostensivo Sul (CRPO Sul). De acordo com informações do capitão Márcio André Faccin, coordenador da operação realizada sexta-feira, a intenção é evitar que alguém retire os ovos ou possa fazer algo que os prejudique. Segundo ele, a vigilância será realizada até a eclosão, prevista para ocorrer em 10 ou 15 dias.
Os nove canteiros onde foram enterrados ovos de tartaruga retirados de ninhos de áreas próximas, foram identificados e localizados no início da manhã da última sexta-feira, em cinco propriedades, numa operação originada por investigações intensificadas nos últimos seis meses pelo Departamento de Inteligência do Comando Ambiental da BM. Cinco responsáveis por este crime ambiental já foram identificados e a Polícia Ambiental continua fazendo levantamento das propriedades em que estão os canteiros para chegar aos demais. A estimativa é que nos nove canteiros estejam enterrados em torno de 50 mil ovos de tartaruga, os quais estão apreendidos.
O objetivo dos responsáveis era comercializar os filhotes como animais de estimação. Conforme Faccin, esses animais são vendidos no comércio clandestino por até R$ 100 a unidade. O professor Luiz Fernando Minello, coordenador do Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre da Universidade Federal de Pelotas (NURFS/UFPel) e técnicos do Núcleo, que prestam apoio à operação, retiraram uma amostragem dos ovos (10 unidades de cada canteiro) e levaram para o NURFS visando ao controle da eclosão. Assim que estes eclodirem, a equipe do NURFS voltará aos canteiros para recolher as tartarugas. Elas ficarão no Núcleo, em uma piscina, até estarem em condições de serem reinseridas na natureza, o que deverá levar entre seis e oito meses.
Essa espécie de tartaruga põe os ovos entre agosto e setembro e os comerciantes os retiram dos locais de postura e levam para os canteiros, onde os enterram para chocar. Os responsáveis pelos canteiros deverão responder processo no Ministério Público Estadual (responsabilização civil), no Ibama (inquérito administrativo) e no Juizado Especial Criminal. No processo do Ibama, estão sujeitos ao pagamento de multa no valor de R$ 500 por unidade de ovo apreendido, e no criminal, à pena de detenção que varia entre seis meses e um ano.
(Por Carmem Ziebell, Jornal Agora, 12/01/2010)