Depois de espalhar destruição em áreas como o Vale do Rio Pardo e a Região Central na última semana, a chuva voltou a matar e desabrigar gaúchos ontem, desta vez no Vale do Paranhana. Com o novo temporal, subiu para 10 o número de mortos desde o dia 3 no Estado em decorrência de enchentes. Duas pessoas seguem desaparecidas em Agudo.
Famoso pelas corredeiras que atraem esportistas, o Rio Paranhana revelou uma face brutal ontem, quando uma tempestade violenta trouxe morte, destruição e alagamentos a municípios da região.
Alimentados por uma precipitação que acumulou 200 milímetros ao longo da manhã, segundo medições do Corpo de Bombeiros, córregos e rios do Vale do Paranhana transbordaram e submergiram vastas áreas de Três Coroas, Igrejinha e Parobé. Deslizamentos soterraram residências e deixaram várias comunidades isoladas.
Com o novo temporal, já são 10 os mortos pelas enchentes desde o dia 3 no Estado. Outras duas pessoas que caíram de uma ponte sobre o Jacuí, em Agudo, seguem desaparecidas. No episódio mais trágico do domingo, um homem morreu afogado em Três Coroas ao cair em um riacho convertido em torrente selvagem. Zelador de uma escola estadual, Iremar Paltes Batista, 49 anos, tentava resgatar objetos de sua residência, depois de o desmoronamento de uma encosta, quando foi levado pela correnteza do Arroio da Cascata, no bairro Sander. Um amigo tentou salvá-lo e caiu no riacho também. Feriu um ombro e foi encaminhado ao hospital local.
Município de 23 mil habitantes situado no sopé da Serra, Três Coroas viu os inúmeros afluentes do Rio Paranhana se encorparem e descerem morro abaixo, provocando alagamentos e deslizamentos de encostas. Segundo estimativas da prefeitura, cerca de 500 famílias tiveram de sair de casa por causa de alagamentos ou desabamentos. O Loteamento Semaco foi um dos mais atingidos. Situado junto a uma encosta, teve cinco casas soterradas. No final da tarde, em razão do risco de novos deslizamentos, as cem famílias residentes foram retiradas do local pelos Bombeiros. Seguiram para a casa de parentes ou para abrigos públicos.
– É um caos o que estamos vivenciando. Tivemos uma chuva muito forte das 9h30min até depois do meio-dia. A água desceu morros, derrubando tudo – espantou-se o prefeito, Rogério Grade.
Segundo o comandante dos Bombeiros, Augusto Dreher, todo o interior ficou isolado do Centro. A ponte que dá acesso à comunidade de Bororó, por exemplo, foi interditada pelo risco de queda. A área central alagou quase por inteiro, multiplicando prejuízos.
(Por Monique Ravanello, Zero Hora, 11/01/2010)