Intenção é elaborar um documento com diretrizes para a orla da Capital
Foco de acaloradas discussões no ano passado, o futuro das margens do Guaíba continuará no centro dos debates municipais em 2010. A Secretaria do Planejamento Municipal (SPM) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/RS) já anunciaram que o tema estará entre as prioridades.
Entidades comunitárias, ambientalistas e instituições ligadas ao planejamento urbano também estão se mobilizando. Passada a votação do projeto do Cais do Porto e da revisão do Plano Diretor da cidade, eles concentram energias em uma nova iniciativa. Formaram um grupo para discutir o regime urbanístico e as formas de ocupação dos mais de 70 quilômetros de orla.
A ideia surgiu no ano passado, após a consulta popular sobre o Pontal do Estaleiro, quando aproximadamente 20 mil porto-alegrenses opinaram sobre a construção de residências em um terreno particular nas margens do Guaíba.
Desde então, os ativistas se reúnem regularmente na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/RS). Na noite de quarta-feira, foi realizado o primeiro encontro de 2010. Cerca de 20 pessoas acompanharam a exposição do arquiteto da prefeitura Marcelo Allet, coordenador do grupo de trabalho que elaborou o Relatório Orla da SPM.
O material identifica e sugere intervenções, principalmente relacionadas à infraestrutura, como bares e restaurantes, para a parte mais ao Sul da beira do Guaíba - entre a Usina do Gasômetro e o bairro Lami. O mesmo levantamento está sendo feito agora na parte Norte.
Logo em seguida, o professor Nelson Grüber, geógrafo e doutor em Geociências da Ufrgs, falou sobre a gestão integrada desses locais de grande potencial turístico e de preservação ambiental.
De acordo com a artista plástica Zoravia Bettiol, a intenção do grupo é conhecer as propostas do poder público e os estudos que já existem sobre o tema. A partir daí, eles irão elaborar um documento com diretrizes fundamentais do ponto de vista dos moradores.
Para isso, pretendem contar com a ajuda da socióloga Rosane Lopes, que está tentando organizar uma pesquisa para identificar a opinião e as expectativas da comunidade do entorno do Guaíba.
“Queremos ouvir a população, saber o que as pessoas pensam sobre a orla e o que elas gostariam de ver nessa área. Após, vamos formatar as diretrizes e apresentar à prefeitura para que os técnicos avaliem a possibilidade de implementá-la. Será um levantamento científico, feito com metodologia”, almeja Zoravia.
Ativista desde o final da década de 1970, quando atuava na Agapan e na hoje chamada Ong Amigos da Terra, a artista plástica está encabeçando o movimento, que já conta com a participação de associações de moradores de diversas regiões da cidade, entidades ambientalistas, como a Fundação Gaia, e instituições ligadas ao tema, como Sindicato dos Engenheiros, IAB e Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
O grupo projeta ainda a criação de um museu dedicado ao Guaíba. “Já estamos recolhendo o material. Como não teremos uma sede física agora, pensamos em fazer um museu itinerante pelas escolas da Capital, até a construção do espaço”, conta Zoravia.
(JC-RS, 11/01/2010)