O aparecimento de dezenas de suínos mortos em decomposição na orla do Guaíba, no Extremo Sul de Porto Alegre, ontem, colocou as autoridades em alerta e provocou a interdição das praias do Lami e de Belém Novo por parte da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) como medida preventiva de proteção à saúde pública. Carcaças dos animais, com brincos de identificação nas orelhas, também foram registradas em outros locais, como Ipanema e Assunção.

Há suspeita de que se tratem dos suínos que foram levados pelas águas no Vale do Taquari, onde milhares morreram nas cheias decorrentes das chuvas que atingiram a região nos últimos dias. O secretário da Smam, Professor Garcia, anunciou a criação de uma força-tarefa com o Departamento Municipal de Limpeza Urbano (DMLU) e Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para monitorar a situação. Ele lembrou do risco de doenças por causa dos animais mortos na água. Os locais receberam sinalização de advertência.

Responsável pela Zonal Orla do DMLU, Romeu Fraga desabafou que se tratava de "uma calamidade", ao constatar pessoalmente o surgimento dos suínos mortos, junto com centenas de galhos e troncos de árvores espalhados ao longo da beira da praia, nos dois quilômetros da praia do Lami. "Nunca tinha visto algo parecido em todos os anos que estou aqui", avaliou.

Ele lamentava que tudo estava limpo desde o início da temporada de verão, aberta no dia 15 de dezembro. Um mutirão de limpeza e recolhimento das carcaças e entulhos foi iniciado imediatamente no local. A retirada dos porcos de outros lugares também foi providenciada.

Diretora da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, a bióloga Patrícia Witt também ficou preocupada com os possíveis reflexos das carcaças em decomposição sobre a fauna silvestre local. Policiais militares do 21º BPM estiveram na praia do Lami, onde foi encontrada uma leitoa prenhe, com o brinco de identificação de número 0281, cujo rompimento da carcaça expôs 12 crias que estavam dentro dela.

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, não descarta que se trate de parte dos animais, sobretudo matrizes, arrastados pela força das águas no Vale do Taquari, como ocorreu nos municípios de Marques de Souza e Travesseiros. A Secretaria da Agricultura está mobilizada para apurar a situação e confirmar a origem dos animais. Há expectativa, ainda, de aparecimento de mais carcaças de animais nos próximos dias, no trajeto dos rios vindos dos vales do Taquari e Rio Pardo até o Guaíba. A Defesa Civil do Município prevê que um grande volume de água ainda chegará na Capital.

(Correio do Povo, 08/01/2010)