A fúria do tempo espraiou sua ação para a fronteira oeste do Estado. A chuva elevou o nível dos rios, que avançam sobre cidades como Alegrete, onde ontem o Ibirapuitã desabrigou mais de 75 famílias. O rio está 8m90cm acima do nível normal. Com mais três, atingirá os 12 registrados em novembro, ocasião em que 4 mil pessoas tiveram de deixar suas casas. A nova cheia se iniciou na segunda-feira, quando choveu 84 milímetros em Alegrete.
Na terça, foram mais 89, soma que elevou o leito a 5m40cm e fez a Defesa Civil emitir alerta. Com mais 75 milímetros de precipitação ontem, o Ibirapuitã invadiu oito bairros.
– Acordamos cedo com a enchente. Tivemos de sair correndo. Ficou muita coisa em casa. Vamos perder tudo – lamentou o aposentado Maurício Rios, resgatado pela Defesa Civil.
Outra cidade afetada pelas cheias é Manoel Viana. Segundo a Emater, choveu mais de 400 milímetros desde segunda-feira. O balneário Rainha do Sol está alagado. A Defesa Civil local está mobilizada para remover os moradores das áreas ribeirinhas.
Rompimento de cabos deixa comunidade sem telefonia
O Rio Quaraí subiu e está 4 metros mais alto, deixando apreensivos moradores de Barra do Quaraí e Quaraí, cidade incomunicável desde às 6h de terça-feira. Um cabo de fibra óptica rompeu e deixou o município sem telefone e internet. Para telefonar, moradores foram obrigados a cruzar a ponte até a vizinha Artigas, no Uruguai.
– Só atravessando a ponte para poder se comunicar – contentou-se o pecuarista Álvaro Riet.
Uruguaiana também registrou problemas com internet e telefonia. Um cabo que fica junto à ponte do Rio Jacuí arrebentou e deixou cerca de 4 mil pessoas sem os serviços. Já em São Borja, o problema foi o vento, que chegou a 60 km/h por volta das 7h30min de ontem, segundo o Corpo de Bombeiros. As rajadas destelharam cinco casas nos bairros Marrocos e Sarava.
Outros municípios
NOROESTE
- Jacuizinho – O Rio Jacuizinho baixou na noite de terça-feira e a travessia pela ponte que une duas regiões do município foi liberada. A cabeceira da ponte foi danificada pelas águas, mas pedras foram colocadas no local para possibilitar o trânsito. Ontem, o rio havia voltado a seu nível normal.
- Salto do Jacuí – Uma torre de alta tensão está inclinada devido a um deslizamento de terra, próximo à Usina Hidrelétrica Leonel de Moura Brizola, da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
NORTE
- Espumoso – O nível dos arroios que transbordaram e invadiram casas em diferentes pontos do município diminuiu nessa quarta-feira. Ontem, famílias que tiveram de deixar suas casas já puderam voltar. Na zona rural, dezenas de hectares de lavouras de soja foram destruídos pelo alagamento.
- Fontoura Xavier – A queda de duas pontes no interior do município dificulta a circulação de moradores da região. A estimativa da prefeitura é de que pelo menos 45 casas tenham sido danificadas pela cheia dos rios. No campo, lavouras de fumo foram devastadas.
FRONTEIRA OESTE
- Maçambará - Conforme o Corpo de Bombeiros, choveu 70 milímetros de terça para quarta-feira. Não foram registrados prejuízos.
- Itaqui - Choveu 90 milímetros de terça para quarta-feira, segundo o Corpo de Bombeiros. Apesar do volume, o nível do Rio Uruguai segue normal. Não foram registrados prejuízos no município.
REGIÃO CENTRAL
- Faxinal do Soturno - Há oito passagens danificas e sete estradas de chão que levam à zona rural interditadas. Lavouras de arroz também foram prejudicadas.
- São Martinho da Serra - Não há acesso de veículo às localidades de Campinas e Quilombos, que tiveram três pontes levadas pelas águas do Rio Ibicuí. Passarelas foram instaladas provisoriamente nos locais.
- São Pedro do Sul - Pela manhã, um vendaval passou pelo município, devastando telhados, placas e árvores. No balneário do Passo do Julião, a cheia do Rio Toropi fez com que cerca de 80% das casas ficassem total ou parcialmente submersas.
- São Vicente do Sul - No Balneário Passo do Umbu, quase 200 moradias foram invadidas pelas águas do Rio Ibicuí. Entre domingo e ontem, choveu mais de 250 milímetros. Por causa disso, o Rio Ibicuí subiu 7 metros.
(Zero Hora, 07/01/2010)