Estudo afirma que um aquecimento global de apenas 1°C já poderia levar a uma queda de até 5,7% nas exportações dos países mais pobres, afetando uma grande variedade de produtos, especialmente alimentos e manufaturas leves
Os países mais pobres do planeta já são considerados os mais vulneráveis às mudanças climáticas, pois possuem menos recursos para se adaptar e se preparar para fenômenos metrológicos extremos cada vez mais freqüentes e intensos. Agora, um estudo afirma que além disso esses países terão grandes problemas com as suas exportações, o que acarretará em um aumento das disparidades entre ricos e pobres.
Essa conclusão foi apresentada no paper “Climate Shocks and Exports” divulgado nesta semana em uma reunião anual na Associação Econômica Americana. Nele, os pesquisadores Ben Olken, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e Ben Jones, da Universidade Northwestern, apresentam uma avaliação do impacto do aumento da temperatura nas exportações dos países.
Os cientistas avaliaram que em nações pobres, um acréscimo de apenas 1°C já poderia reduzir o crescimento econômico em até 2% devido a uma diminuição de 5,7% nas exportações.
Uma das razões apontadas para isso seria a maior dependência dos países pobres em relação ao setor agrícola. Outro fator seria a falta de infraestrutura e tecnologia para a adaptação. Porém, Olken afirma que ainda faltam mais estudos para se dar um resposta definitiva para esse problema.
O impacto na agricultura já era esperado, pois se trata do setor mais dependente das condições climáticas. Já as chamadas manufaturas leves, como plásticos, materiais de escritório, produtos elétricos, calçados etc, sofreriam uma queda devido à falta de recursos para essas fábricas minimizarem os efeitos das alterações climáticas na sua cadeia de produção e nos próprios trabalhadores.
Já as nações mais ricas apresentariam principalmente diminuição nas suas importações, o que deve aumentar os preços de maneira geral. Porém os reais impactos disso para a economia mundial ainda precisam ser avaliados.
Os autores destacam que os dados encontrados reafirmam resultados de estudos passados que associaram o aquecimento global à queda do Produto Interno Bruto dos países pobres, e que este novo trabalho contribui para solidificar esta tese. Eles também concluem que todos esses estudos devem servir de alerta para a comunidade internacional.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 06/01/2010)