A polícia dinamarquesa liberou nesta quarta-feira os quatro ativistas do Greenpeace presos ao realizarem um protesto pacífico durante a Conferência do Clima (COP15) em Copenhague. A prisão aconteceu no dia 17 de dezembro, após três dos quatro abrirem faixas pedindo ação dos líderes mundiais reunidos na cidade para controlar o aquecimento global, na entrada de um jantar oferecido pela rainha da Dinamarca aos chefes de Estado. Os ativistas ficaram 20 dias presos e ainda respondem a um processo e podem ser condenados à prisão.
Juan A. Lopez de Uralde, da Espanha, Nora Christiansen, da Noruega, Christian Schmutz, da Suíça, e Joris Thijssen, da Holanda, foram soltos um dia antes do previsto, e sem ordem judicial como se esperava.
“O ‘crime’ que cometeram foi tentar fazer os líderes mundiais entenderem como é urgente agir para prevenir os impactos catastróficos das mudanças climáticas.
A duração da prisão sem que tivessem passado por julgamento foi desproporcional com o protesto, inofensivo e com um objetivo legítimo”, afirma o diretor-executivo do Greenpeace Nórdico, Mads Christensen.
Na época da prisão dos quatro, o Greenpeace garantiu à polícia dinamarquesa que os ativistas voluntariamente voltariam a Copenhague para participar da audiência judicial – como normalmente fazem os voluntários que participam de protestos da organização. Durante a investigação da polícia dinamarquesa, o Greenpeace colaborou com a investigação fornecendo detalhes da atividade.
O advogado Richard Harvey, especializado em direitos humanos, questiona a duração da detenção. “As autoridades dinamarquesas devem levar em consideração protestos legítimos como um elemento essencial do discurso democrático e da liberdade de expressão. Uma detenção tão longa e sem decisão judicial, da forma como foi feita, é uma violação de artigos-chave de acordos internacionais de direitos humanos”, diz.
Apesar dos esforços do Greenpeace e de outras organizações durante a conferência, os chefes de Estado reunidos em Copenhague falharam miseravelmente em agir para controlar o aquecimento global. A COP15 fracassou e o único documento que saiu da reunião, o “acordo de Copenhague”, não contempla a posição de todos os países, apresenta mais lacunas do que decisões e não exige nenhum comprometimento dos governos para reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa.
Os países precisam entrar em um acordo para evitar que a Terra esquente mais do que 2ºC em comparação à temperatura registrada antes da Revolução Industrial.
A temperatura já subiu 0,7ºC e quanto mais tempo a decisão demorar, mais difícil será manter o termômetro sob controle.
(Greenpeace Brasil, 06/01/2010)