O cenário de devastação é a imagem mais marcante nas imediações da ponte sobre o rio Jacuí, na RSC 287 que caiu por volta das 9h15min da manhã de ontem, entre Agudo e Restinga Seca, na região central do Estado. Depois de um estrondo, a construção de mais de 300 metros de comprimento balançou e ruiu, rapidamente, não dando chance de as pessoas que observavam as águas de cima fugirem. Até a tarde de ontem, oito pessoas haviam sido resgatadas da área onde aconteceu o desabamento e outras sete foram retiradas de uma região próxima, isolada pelo temor de que uma outra ponte seca tombasse. Há informações confirmadas de cinco pessoas desaparecidas, entre essas o vice-prefeito de Agudo, Hilberto Boeck. Um dos primeiros a chegar ao local foi o comandante-geral da Brigada Militar, coronel João Carlos Trindade, que no momento sobrevoava a área de Candelária, em um helicóptero, à procura de pessoas que haviam ficado isoladas, na cidade vizinha. "Como estávamos perto, foi possível chegar rapidamente e ajudar no salvamento", enfatizou.
O vão que se formou entre as duas cabeceiras da ponte é superior a 100 metros e apenas um dos pilares de sustentação desse espaço intermediário resistiu, parcialmente. O restante foi levado pela força das águas. A ponte começou a cair no sentido do Interior para a Capital, primeiro abaixando uma parte e, depois, curvando o restante da construção e caindo no rio, que já estava mais de 400 metros fora do seu leito normal, desde as primeiras horas da manhã. Trindade comandou, durante todo o dia, as ações que levaram ao local 60 homens da BM, Batalhão Rodoviário, Grupamento de Busca e Salvamento e do Comando Aéreo. Dois helicópteros da corporação e mais um da Aeronáutica, vindo da Base Aérea de Santa Maria, ajudaram na procura por sobreviventes.
As buscas, inicialmente, foram feitas em um raio de 800 metros a 1 quilômetro da cabeceira da ponte, mas durante a tarde esse espaço foi ampliado para até 6 quilômetros, rio abaixo. "Esperamos encontrar pessoas com vida, mas devido à força da correnteza e à violência das águas, a cada hora que passa fica mais difícil", disse o coronel Trindade. Lembrou que, para se salvarem, as pessoas teriam de encontrar algo para servir de apoio, como troncos de árvores que descem os rios às dezenas, ou chegar à vegetação das margens. Às 19h30min, as buscas foram encerradas e devem ser retomadas hoje, nas primeiras horas do dia.
Mesmo com o perigo, muitas pessoas ainda procuravam chegar perto da ponte. A Brigada Militar teve de isolar as áreas próximas, até meio quilômetro antes. Há relatos, ainda não confirmados pela BM, de que dois veículos teriam mergulhado nas águas do rio Jacuí: um caminhão baú e um Corsa.
(Correio do Povo, 06/01/2010)