O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse neste domingo em São Luiz do Paraitinga (182 km de São Paulo) que é possível reconstruir a cidade e recuperar ao menos parte do patrimônio histórico destruído pelas chuvas. Sem falar em dinheiro, ele afirmou que o governo do Estado vai ajudar no que for preciso para a reconstruir o município.
Segundo o governador, é preciso fazer um levantamento para saber quanto será necessário para a reconstrução da cidade, que ficou totalmente alagada. A prefeita Ana Lúcia Bilard Sicherle (PSDB) estima em ao menos R$ 50 milhões a verba necessária, sem incluir a recuperação do patrimônio histórico.
Em visita à cidade, Serra pediu que o município não cancele a sua programação de Carnaval --uma das que mais atraem foliões no Estado. A prefeita disse, no entanto, que não há clima para a cidade realizar a festa, e confirmou o cancelamento.
Serra disse também que técnicos da Secretaria de Estado da Cultura vão fazer um estudo para saber se é possível e como deverá ser feita a restauração dos imóveis históricos.
Vítima
Um deslizamento de terra ocorrido neste domingo no bairro do Bom Retiro deixou uma pessoa soterrada. Segundo a Defesa Civil Estadual, a situação continua crítica na região, e até o início da noite a vítima ainda não havia sido removida.
Estragos
Com o grande volume de chuva, o rio Paraitinga, que corta a cidade, transbordou. Imóveis ficaram praticamente cobertos pela água. Todo o centro histórico --que abriga o conjunto arquitetônico de casas térreas e sobrados-- foi inundado. De acordo com informações da prefeitura, a área tem cerca de 90 imóveis tombados pelo patrimônio histórico de São Paulo.
Prédios históricos estão danificados, entre eles a igreja matriz São Luiz de Tolosa, construída no século 19, que desabou no sábado.
Com a chuva, o nível do rio subiu quase 15 metros. As águas já baixaram cerca de 3,5 metros desde ontem, e a expectativa é que sejam necessários mais três dias para voltar à normalidade, afirma a Defesa Civil.
Ao todo, a cidade tem mais de 9.000 pessoas desabrigadas ou desalojadas. Mais de 3.000 pessoas, entre turistas e moradores, estão ilhados na região alta da cidade. Botes enviados pela Polícia Militar e pelo Exército levam alimentos e bebidas e, na volta, trazem as pessoas para a rodovia, onde a Defesa Civil Estadual montou uma base de apoio.
Ainda há riscos de muitos deslizamentos na cidade, que estão sendo analisados por geólogos no local. Os telefones fixos não funcionam, as ligações por celular estão instáveis e não há iluminação na parte alta da cidade. "Quase metade da cidade está submersa. No centro histórico, até o telhado está debaixo d'água", disse o coronel Luiz Massao Kita, coordenador da Defesa Civil Estadual.
(Folha de S. Paulo, 04/01/2010)