A Venezuela, grande produtora de petróleo, começou o ano com um racionamento de eletricidade que afeta comércio e indústria, em mais uma tentativa do governo de Hugo Chávez de evitar o colapso no fornecimento de energia.
Desde o dia 1º de janeiro, fábricas e centros comerciais estão submetidos a limites de consumo elétrico, que restringem, inclusive, o horário de funcionamento dos shoppings, sob a ameaça de corte de fornecimento e aumento de tarifas.
O novo decreto, publicado na véspera do Natal no Diário Oficial, determina que a energia elétrica "fornecida aos centros comerciais será limitada ao horário entre as 11 da manhã e às 9 da noite". Além deste horário, os shoppings deverão fechar ou gerar sua própria energia.
Neste final de semana, os shoppings de Caracas cumpriam o novo horário, mas segundo empresários do setor, a queda nas vendas é de 10%. A limitação do horário terá impacto direto nos cinemas dos shoppings, que já suspenderam a última sessão. Cassinos e bingos estão submetidos a outro horário de restrição do fornecimento elétrico, de seis da tarde à meia-noite.
Os estabelecimentos que violarem a medida sofrerão corte no fornecimento, inicialmente por 24 horas, podendo chegar a 72 horas "em caso de reincidência". O consumo de energia nos shoppings e indústrias leves não poderá superar os 2 megawatts, com limite de 5 megawatts para as indústrias pesadas.
O decreto determina que estes estabelecimentos apliquem planos para poupar ao menos 20% em relação ao atual consumo, sob a supervisão do recém-criado ministério da Energia Elétrica, que poderá aplicar multas sobre o valor das contas.
O racionamento atinge até os luminosos de publicidade, que estão proibidos de utilizar lâmpadas de alto consumo e só podem funcionar até a meia-noite.
As fábricas de alumínio e aço, controladas pelo Estado, suspenderam parte da produção para reduzir o consumo. A demanda de eletricidade na Venezuela supera os 16.500 megawatts, muito além da atual capacidade de geração. Segundo os analistas, o setor elétrico exigirá investimentos de 18 bilhões de dólares até 2014.
Em um país cujo principal produto é o petróleo, fonte na produção de energia, o atual racionamento na Venezuela é um verdadeiro paradoxo.
(AFP / UOL, 02/01/2010)