Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Veterinária do Estado vêm observando nas últimas semanas uma presença maior de pó branco nos morcegos que chegam para exame de raiva. Alguns aparecem com os órgãos estourados. A suspeita é de que as pessoas estejam utilizando venenos para matar os animais, cuja presença aumenta nos períodos de calor em Porto Alegre.
A chefe do serviço do Programa de Conservação de Fauna Silvestre da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Soraia Ribeiro, alerta para o fato de que matar morcegos é ilegal, pois os animais silvestres são protegidos pela legislação ambiental. Além disso, o uso indiscriminado de venenos pode causar danos à saúde. "Não resolve muito o problema e ainda pode contaminar a residência", diz.
Os morcegos começam a chegar em Porto Alegre no mês de novembro. Os bairros com maior presença dos animais são Cidade Baixa, Bom Fim e Centro, por possuírem edificações mais antigas. Nas áreas urbanas, vivem aqueles que se alimentam de insetos, frutas, néctar de flores e peixes. Os morcegos hematófagos, que se alimentam de sangue, se localizam nas áreas rurais. Esses animais desempenham importante função, comendo até 15 gramas de mosquitos por noite. "Se ele for removido, causa desequilíbrio, aumentando a população de insetos", explica.
Caso um deles entre na residência, Soraia recomenda que no final da tarde a pessoa abra as janelas e desligue as luzes, esperando o animal sair. Em abril, quando os morcegos começam a migrar para lugares mais quentes, é o momento mais adequado para vedar os locais habitados.
A transmissão de raiva, que preocupa a população, é mais comum nos morcegos que estão paralisados ou moribundos. Nestes casos, a recomendação é de que as pessoas não toquem no animal, buscando o Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, pelo telefone (51) 3446.7517.
(JC-RS, 31/12/2009)