O Iraque e o Irã mostraram sua disposição de demarcar a disputada fronteira comum, após o incidente de 17 de dezembro passado, quando um grupo de soldados iranianos entrou em território iraquiano e içou uma bandeira sobre um poço petrolífero. O ministro de Assuntos Exteriores iraquiano, Hoshiyar Zebari, disse que um comitê iraquiano-iraniano se reunirá no próximo mês com o objetivo de fixar "os marcos fronteiriços" entre os dois países.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, afirmou, durante a retirada dos soldados iranianos no último dia 20, que a polêmica sobre o poço de petróleo foi um "mal entendido" que devia ser resolvido com a revisão das linhas fronteiriças entre Irã e Iraque.
Os países parecem estar de acordo na necessidade de considerar o acordo assinado neste sentido entre Iraque e Irã na Argélia em 1975. "A revisão das linhas fronteiriças a partir do tratado de 1975 [da Argélia] é uma necessidade, levando em conta a guerra de oito anos e os efeitos da natureza", disse então Mehmanparast.
Além disso, o deputado curdo-iraquiano Mahmoud Osman, comentou que a nova delimitação fronteiriça poderia incluir alguma mudança no acordo assinado na Argélia pelos dois Estados.
"O Iraque mantém várias reservas sobre o acordo [da Argélia], mas ainda não solicitou oficialmente que seja emendado", ressaltou Osman, em declarações reproduzidas hoje pelo jornal oficial "Al Sabah".
Os dois Estados compartilham mais de 1.200 km de fronteira, cujo subsolo, em alguns pontos, guarda grandes reservas petrolíferas, especialmente na província de Maysan, onde fica o campo petrolífero de Faka, sobre cujo poço número quatro a bandeira iraniana ficou durante vários dias.
(EFE / Folha Online, 30/12/2009)