A Ferrous Resources do Brasil S.A. recebeu sinal verde do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) para elaborar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) referentes ao mineroduto que deverá ligar a cidade de Brumadinho (MG) a Presidente Kennedy, no Espírito Santo.
A medida, criticam os ambientalistas, é o retrato da forma com que os grandes empreendimentos vêm sendo recebidos no sul. Eles afirmam que atrás do mineroduto a Ferrous trará ainda três usinas para a região. As obras estão previstas para 2011 e a empresa já anunciou seus planos para a região. Entretanto, nada sobre os impactos das usinas na região foi debatido até o momento.
Além das mineroduto e das usinas, a Ferrous já iniciou o EIA de um porto que irá construir na região. O empreendimento, denunciam os ambientalistas do sul do Estado, desrespeita a constatação feita em 2008 sobre a indisponibilidade hídrica para a instalação de grandes indústrias no município.
Diante disso e da resistência da população, ambientalistas denunciam que há pressão da própria prefeitura do município de Praia das Neves, onde o empreendimento será localizado. A prefeitura, dizem os próprios moradores, quer que a comunidade venda seus imóveis por preços irrisórios, e os que não concordam são ameaçados de desapropriação. O caso foi denunciado à Polícia Federal, mas nenhum resultado da investigação foi divulgado até o momento.
Sabe-se apenas que a empresa já adquiriu uma área de 12 milhões de m², onde irá concentrar seu complexo industrial, voltado para o mercado externo, repetindo o feito das indústrias instaladas na Grande Vitória e que geraram inúmeros prejuízos ambientais.
Ferrous
A Ferrous foi criada a partir de fundos de investimentos e fez aquisições diversas no Brasil, principalmente na região de Congonhas e Serra Azul, em Minas Gerais. O projeto de escoamento do minério é similar ao utilizado pela Samarco, da Vale, que utiliza dois minerodutos no Espírito Santo.
Para os novos empreendimentos, a empresa anuncia que as obras deverão estar concluídas em 2014. Além das usinas, do mineroduto e do porto da Ferrous no sul, está prevista ainda a construção de uma siderúrgica da Vale em Anchieta. Outro projetos também estão reservados para região, que já possui três pelotizadoras de minério. São eles: 4ª usina pelotizadora da Samarco, Unidade de Tratamento de Gás (UTG) da Petrobras e dois novos portos.
O governo Paulo Hartung chegou a cogitar da possibilidade de um pólo petroquímico na região, incluindo uma refinaria de petróleo, o que deixou a população dos balneários turísticos da região ainda mais preocupada.
A previsão de conclusão do empreendimento da Ferrous vai até 2013 para as obras do porto e 2014 para as usinas de pelotização. As exportações ocorrerão por Itaguaí, no Rio de Janeiro, até a conclusão das obras.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 30/12/2009)