O prazo contratual para que a Camargo Corrêa Investimentos deixasse a sociedade dona da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, acabou no início de dezembro, mas a empresa conseguiu negociar um aditivo contratual e vai poder se desfazer dos quase 10% que detém na usina apenas no início de 2010. Segundo o Valor apurou, o grupo Suez manteve, até o momento, uma postura tranquila em relação à saída da Camargo. Até porque existe uma negociação para que a empresa brasileira também deixe, como investidora, outros projetos hidrelétricos que tem em parceria com a Suez ou a sua controlada, a Tractebel.
A saída da Camargo de Jirau foi acertada ainda na fase de formação do consórcio que disputou o leilão, em 2008, e que além da Suez e Camargo é formado pela Chesf e pela Eletrosul. De acordo com o contrato, a Camargo deveria vender sua participação seis meses após a concessão da licença de instalação pelo Ibama. A licença foi concedida em junho, quando começou a correr o prazo. O contrato previa ainda que o direito de preferência para adquirir as cotas da Camargo era da CPFL, empresa que é controlada pelo grupo.
Como a CPFL não quis exercer esse direito de preferência, o negócio passou a ser discutido com os fundos de pensão dos funcionários da Petrobras e da Caixa Econômica Federal (CEF). Para a Suez, a aquisição da participação da Camargo não alteraria seu status, já que hoje o grupo franco-belga possui mais de 50% do capital da concessionária Energia Sustentável do Brasil, que tem a concessão de Jirau.
De qualquer forma, um analista lembra que a negociação poderia fazer parte de um pacote onde a Camargo Corrêa deixaria a sociedade em outras usinas, como as hidrelétricas de Machadinho e de Estreito. Esta última passou para o controle da Tractebel na semana passada por R$ 604 milhões pagos à Suez.
Um dos principais motivos para que o contrato do consórcio feito para disputar Jirau incluir cláusula de retirada da Camargo é porque a empresa de construção do grupo é hoje a empreiteira contratada para erguer a usina, o que poderia gerar conflitos de interesses. O empreendimento de Jirau, que fica em Porto Velho (RO) vai requerer investimentos da ordem de R$ 9 bilhões e o valor financiado pelo BNDES foi de R$ 7,2 bilhões.
(Valor Econômico / Amazonia.org.br, 30/12/2009)