Apesar do franco crescimento da energia nuclear em nível mundial, essa alternativa aos combustíveis fósseis está longe de ser uma unanimidade entre os especialistas. Em artigo publicado aqui no portal EcoD nesta segunda-feira, 28 de dezembro, o físico Heitor Scalambrini Costa criticou o governo brasileiro em razão dos investimentos que serão feitos em novas usinas.
Na opinião do também professor associado da Universidade Federal de Pernambuco, "desenvolvimento sustentável é aquele que é capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às gerações futuras". Scalambrini destacou os riscos da energia nuclear em relação a possíveis acidentes, além de lembrar que o país possui uma série de fontes renováveis e mais seguras para substituir os combustíveis fósseis.
"Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagens. Não há energia sem controvérsia, mas a nuclear, pelo poder destruidor que tem qualquer vazamento, merece e deve ser discutida mais amplamente pela sociedade", criticou o especialista.
Depois da Usina Nuclear de Angra 3, que deverá entrar em operação em 2014, o governo pretende construir mais quatro usinas nucleares até 2030, cada uma com 1 mil megawatts de potência. A primeira deve entrar em operação em 2019, no Nordeste, entre Recife e Salvador. Outra usina deve ser construída na mesma região, e mais duas no Sudeste, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.
Coro
O professor Scalambrini conta com um colega de peso para fazer coro a sua crítica. O físico José Goldemberg, especialista em energia e vencedor do prêmio Planeta Azul (2008), considerado o Nobel do meio ambiente, já chegou a afirmar que construir novos reatores nada mais é do que “politicagem”, e que dizer que as fontes energéticas nucleares tornarão o Brasil independente em energia é uma “falácia”.
“O Brasil ainda não precisa da energia nuclear. Temos outras opções. O aproveitamento hidrelétrico do Brasil ainda tem amplo espaço para avançar, e os problemas ambientais aos poucos vão sendo resolvidos. Hoje, é possível gerar energia com uma área inundada menor que os reservatórios de Itaipu ou Tucuruí. Outra opção é a energia eólica no Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Ceará", observou à Revista Época, em junho de 2008.
Crescimento
Apesar das contestações, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) informou em julho que a energia nuclear vai apresentar considerável expansão nas próximas décadas. Segundo a agência da ONU, um total de 60 países analisam, atualmente, utilizar fontes nucleares de energia para seus programas nacionais.
Os governos dessas nações argumentam que os investimentos em energia nuclear para fins pacíficos são necessários em razão da crescente demanda energética.
(EcoDesenvolvimento, 28/12/2009)