Faleceu no dia 23 de dezembro de 2009 o Sr. Benedito Aparecido de Souza, Guarani da Terra Indígena Cambirela, Palhoça, em Santa Catarina. Benedito, que era conhecido como Dito, morava à beira da BR 101, na Aldeia Guarani Cambirela, que foi impactada diretamente pela duplicação da rodovia federal BR 101, em Palhoça, Santa Catarina. Ele tinha sido vítima de atropelamento há uns meses e estava em coma no hospital de Florianópolis.
A Aldeia Cambirela é cortada pela rodovia, e margeada pelo Rio Cambirela. O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte – DNIT, ao invés de fazer uma passarela, ou uma passagem subterrânea no local, para travessia dos indígenas (como previsto no Programa de Apoio às Comunidades Guarani – PACIG, que aponta as compensações e mitigações do impacto da duplicação da rodovia), não o fez até hoje.
O DNIT apenas pavimentou uma passagem indígena por cima das pedras, localizada debaixo da ponte do Rio Cambirela, que sob chuva fica intransitável, obrigando os indígenas a atravessar pela rodovia, concorrendo com caminhões e carros em alta velocidade.
Ao longo do trecho da BR 101 em Santa Catarina, já ocorreram vários atropelamentos de indígenas, alguns causando morte. No dia 23 de dezembro de 2009, na BR 280, próximo ao trevo com a BR 101, em Araquari, norte de SC, ocorreu um acidente na saída da Terra Indígena Guarani Pira’i. Um automóvel Kombi, que transportava os indígenas, sofreu colisão com outro automóvel e alguns indígenas foram para o hospital internados com ferimentos.
Esta Terra Indígena foi demarcada pelo Ministério da Justiça em 2009, e a BR 280 corta a área, causando insegurança aos indígenas que precisam transitar pela sua terra para plantar, caçar e buscar materiais para elaboração de artesanato.
Localização da Aldeia no Google Maps, clique aqui.
(Por Nuno Nunes, A Cor da Terra, 26/12/2009)