Militantes, ligados ao líder José Rainha, dizem que área foi considerada improdutiva pelo Incra
Um grupo com 60 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiu neste domingo (27/12) a Fazenda Santa Rosa, em Iacri, a 535 km de São Paulo, na região de Marília, oeste paulista. A propriedade, no distrito de Anápolis, tem mais de 4 mil hectares e, segundo o coordenador do movimento, Luciano de Lima, foi considerada improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O grupo chegou de manhã, em vários carros e um caminhão, e iniciou a montagem dos barracos. A bandeira do MST foi hasteada em um mastro improvisado. Os sem-terra ocuparam três das oito casas de colonos que, segundo o líder, estavam vazias. A propriedade pertence ao espólio do fazendeiro Eduardo Marques e tem áreas arrendadas para criação de gado e produção de cana.
Policiais militares estiveram na área invadida, acompanhados por herdeiros do fazendeiro falecido. Eles tiraram fotos do local e anotaram as placas dos veículos usados pelos sem-terra. Advogados do espólio devem entrar hoje com pedido de reintegração de posse.
De acordo com Lima, a fazenda faz parte de um conjunto de cinco áreas na região já vistoriadas pelo Incra e consideradas improdutivas. Segundo ele, 150 famílias fizeram cadastros e estão em acampamentos, esperando para serem assentadas. "Queremos que o Incra acelere a desapropriação das terras."
O grupo coordenado por Lima segue as orientações de José Rainha Júnior, líder do MST da Base, considerado uma dissidência do MST nacional. Os seguidores de Rainha foram responsáveis por 54 das 68 invasões ocorridas no primeiro semestre no Estado, número que colocou São Paulo na liderança das invasões de terra no País.
Em comparação com o primeiro semestre do ano anterior, as invasões em território paulista cresceram 88,8% este ano, segundo levantamento do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos da Reforma Agrária (Nera), vinculado à Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Grilagem
O The New York Times publicou ontem reportagem em que aborda a grilagem de terras na Amazônia e a tentativa do governo, através da regularização fundiária, de "colocar ordem nesse território sem-lei" e, consequentemente, combater o problema do desmatamento. "Pela primeira vez, o governo brasileiro está formalmente estabelecendo quem é o proprietário de dezenas de milhões de acres pela Amazônia, permitindo identificar quem é responsável pela derrubada da mata."
(Por José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo, 28/12/2009)