Na última era interglacial, há 125 mil anos, o nível dos mares era de 8 m a 9,4 m mais elevado que atualmente, com temperaturas nos polos de 3ºC a 5ºC mais quentes, segundo um novo estudo [Global change: Interglacial and future sea level] divulgado nesta quarta-feira (16/12) pela revista “Nature”.
Estes resultados de pesquisadores das universidades de Harvard e Princeton, publicados durante a Conferência sobre o Clima de Copenhague, revisou em alta as estimativas do último relatório do IPCC (Painel Intergovenamental das Mudanças Climáticas, na sigla em inglês) sobre a matéria, que calculava a alta do nível dos mares entre 4 m e 6 m acima do nível atual naquele mesmo período.
Robert Kopp e seus colegas construíram um modelo estatístico com base em inúmeras medidas efetuadas em diferentes locais do globo, com uma alta não homogênea do nível dos mares há 125 mil anos. “Encontramos uma probabilidade de 95% de que o nível dos mares tenha chegado a um nível pelo menos superior a 6,6 metros ao nível atual”, segundo o estudo.
“É possível [67%] que este nível tenha sido superior a mais de 8 metros ao nível atual, e improvável [probabilidade de 33%] que ele tenha ultrapassado 9,4 metros’, acrescentaram os cientistas. “Estes resultados colocam em evidência a vulnerabilidade a longo prazo das calotas polares a um aquecimento duradouro, mesmo a níveis relativamente fracos”, destacaram.
Os autores calcularam que durante a última era interglacial, o nível médio dos mares subiu de 6 mm a 9 mm por ano, contra quase 2 mm por ano durante o século 20 e provavelmente em torno de 3 mm por ano entre 1993 e 2003.
“Se as estimativas de Kopp e de seus colegas forem corretas, a mensagem problemática é a de que o nível de equilíbrio do nível dos mares em resposta a um aquecimento global de 1,5ºC a 2ºC seria uma elevação de 7 a 9 m em relação ao nível atual”, escreveram dois especialistas americanos em geociências, Peter Clark e Peter Huybers, em um comentário publicado pela “Nature”.
(Agência France Presse, com informações complementares do EcoDebate, 17/12/2009)