Abundância de água favorece aumento de peixes, informa presidente da Apta.
Tanto o Rio dos Sinos quanto o Gravataí estão com os níveis acima do normal para esta época do ano. Segundo o presidente da Associação de Pesquisas para Técnicas Ambientais (Apta), Clóvis Braga, o Gravataí no verão costuma ficar abaixo de 1,4 metro do nível do mar. Porém, ontem a régua marcava 1,8 metro. Já o Sinos que no verão chega a 60 centímetros do nível do mar, ou seja, 20 centímetros abaixo do normal – no trecho de Canoas –, tem oscilado entre 1,7 metro a 1,8 metro.
Essa abundância de água, de acordo com Braga, favorece o aumento de peixes, mesmo em rios como o Gravataí. "As espécies mais resistentes à poluição, como jundiá e pintado, estão aumentando", cita um exemplo da recuperação do rio. No Sinos a preocupação é com as 59 famílias que vivem a sua margem na Prainha do Paquetá, em Canoas. O excesso de água deixou mais de 300 pessoas ilhadas por exatos 25 dias entre novembro e dezembro. A vida começa a voltar ao normal na localidade, mas a Coordenação Municipal de Defesa Civil de Canoas teme que as chuvas retornem e o rio volte a invadir a estrada que dá acesso à área.
O coordenador do órgão na cidade, Mauro Guedes, espera nas próximas duas semanas ações para evitar que estas famílias fiquem novamente ilhadas e por tanto tempo. Entre as ações, Guedes cita o aterramento de parte da estrada, limpeza na vala que corre ao lado dela e a remoção de alguns maricás que atrapalhariam a navegação de pequenos barcos, quando o alagamento acontece.
Sinos está se recuperando da mortandade ocorrida em 2006
O presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Prainha do Paquetá, Paulo Denilto, de Canoas, acredita que após três anos da tragédia ambiental que atingiu o Sinos – mais de 85 toneladas de peixes apareceram mortos –, o rio dá sinais visíveis de recuperação. "Em 10 anos que moro na Prainha é a primeira vez que vejo tanto peixe. Estamos na época de defeso e tem muito cardume de alevino de tudo quanto é espécie até no valo e na beira do rio", comenta.
Para Denilto, é a cheia do rio, em decorrência das chuvas, que tem auxiliado nesta recuperação. "Acredito que, se continuar assim, vai curar o Sinos daquela mortandade".
No dia 7 de outubro de 2006 o despejo irregular de resíduos poluentes por empresas da região metropolitana teria provocado a morte das 85 toneladas de peixes no Sinos, especialmente no trecho de São Leopoldo. Na ocasião, o abastecimento de água também ficou prejudicado. Quatro processos foram instaurados. Um deles foi levado ao Tribunal de Justiça, condenando um empresário. O processo aguarda por novo julgamento.
(Jornal VS, 28/12/2009)