Os cemitérios municipais estão em estado deplorável. O vandalismo e o descaso estragam a tranquilidade dos mortos
Quem visita o Cemitério Municipal, no Bairro Florestal, fica impressionado com a desordem. O espaço, que é para ser de paz aos mortos, não tem nada de tranquilo. Logo na entrada, uma “montanha” de entulhos desgasta a imagem do local, com flores secas, vasos quebrados, galhos e uma imensa quantidade de terra, depositada ali de forma casual e displicente. O mato cerca quase todo o cemitério e, nos túmulos mais velhos, chega a alcançar 60 centímetros. Em alguns casos, cobre as sepulturas. A deterioração está por toda parte. Há muitos túmulos quebrados e vasos com água da chuva, o que favorece a proliferação de mosquitos.
Percorrendo a ala do fundo do cemitério é possível ver mais depredação. Há muitas cruzes caídas, o que denota descaso para com os mortos. Na maior delas, a sujeira feita pelos despachos impera. Garrafas e imagens quebradas, velas e flores de plástico jogadas ao chão. Nem uma das maiores árvores, que simboliza o verde, foi poupada. O lixo é jogado ao redor do seu tronco, “sufocado” por tijolos quebrados, vasos, galhos e flores secas.
No Cemitério Católico do Bairro Santo Antônio a situação também é precária. O local não tem túmulos, e sim 450 gavetas, mas a depredação também é visível. A maioria das gavetas está sem mármore, foi coberta apenas com cimento, o que resulta em um efeito visual negativo. O amontoado de flores é um dos fortes vestígios de que o local não recebe limpeza há muito tempo. O muro, que deveria servir para proteger quem entra ali, foi destruído. A única coisa que cresce de forma tranquila é a capoeira.
O aposentado Teodoro Monteiro mora perto do local. Ele, que já enterrou oito familiares em cemitérios de Ijuí e Três Passos, diz que nunca viu um local tão feio. “Tem capoeira, o muro está caindo, e não tem segurança alguma”, diz o aposentado, que tem uma cunhada sepultada no lugar. Ressente-se do descaso para com o cemitério. Para ele, a prefeitura deveria colocar alguém para zelar pelo local. “Até uma coroa apareceu no pescoço de um cavalo, dia desses”, relata, em tom de indignação.
Hidráulica
No Cemitério Católico do Bairro Hidráulica a situação não é tão ruim. Mas os olhos mais atentos perceberão capim crescendo em túmulos. Há sepulturas que desaparecem sob as ervas daninhas, e falta roçada. O presidente da Sociedade Cemitério União Centenária, Waldemar Baldasso, que administra os locais nas três paróquias lajeadenses, diz que o funcionário que zelava pelo local pediu demissão. “Estamos procurando outra pessoa para assumir a função. Logo estará tudo normalizado.”
Providências
Os cemitérios públicos são administrados pela Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sthas). A titular da pasta, Nara Janete Worm, prometeu que vai fazer uma vistoria nos locais para tomar as providências necessárias quanto à limpeza. No que se refere a túmulos depredados e cruzes jogadas, a situação é mais crítica, porque envolve vandalismo. “Não temos condições de manter alguém permanentemente nos locais, mas é preciso achar uma solução para isso.” Ela chama atenção para se fazer uma campanha de conscientização da comunidade quanto ao uso do espaço público.
(Por Andréia Rabaiolli, O Informativo do Vale, 27/12/2009)