O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acaba de divulgar o resultado da expedição feita em outubro ao arquipélago de Fernando de Noronha, no litoral de Pernambuco. O trabalho, do qual participaram os ornitólogos Luiz Mestre, Juliana Rechetelo, Andreza Amaral e Erich Mariano, teve o objetivo de fazer o censo das aves da região.
A expedição foi realizada entre os dias 19 e 30 de outubro. Durante esse tempo, os ornitólogos estimaram o tamanho das populações dos diferentes tipos de aves que ocorrem no arquipélago e coletaram dados biológicos das espécies ameaçadas de extinção.
Além disso, fizeram o levantamento do número de indivíduos, áreas de alimentação e nidificação (formação de ninhos) e ainda o anilhamento (colocação de anéis para monitoramento) e coleta de medidas morfométricas do rabo-de-palha-de-bico-laranja (Phaethon lepturus) e da pardela-de-asa-larga (Puffinus lherminieri), consideradas ameaçadas de extinção no Brasil.
Também foi estimada a abundância das espécies de aves terrestres na ilha principal e contabilizado o número de garças-vaqueiras (Bubulcus ibis) ocorrentes no arquipélago, comparando-se com os mesmos métodos utilizados anteriormente. E mais: foram realizadas contagens de outras espécies de aves ocorrentes no arquipélago, incluindo as aves limnícolas (espécies que habitam ambientes aquáticos) nas praias do Sueste e Air France, e as aves marinhas nas encostas da Baía dos Golfinhos e na praia do Sancho, locais com alta densidade dessas espécies.
Censos
Em 2005 e 2006, os biólogos Andrei Roos e Luiz Mestre, do ICMBio-Cemave realizaram censos populacionais de aves terrestres no arquipélago. Baseados nos resultados desses primeiros censos, eles observaram que as duas espécies de aves endêmicas terrestres parecem ocorrer em menor abundância nas áreas com maior influência urbana, ou seja, próximas às moradias, construções e estradas sem vegetação.
O objetivo da expedição de 2009 foi o de aumentar a amostragem dos anos anteriores e avaliar as características fisionômicas de cada ponto de contagem em um raio de 25 metros, para uma melhor avaliação das possíveis influências antrópicas (humanas) sobre essas espécies de aves.
Na Ilha do Chapéu, localizada na Baía do Sueste, foram observados e mapeados 24 ninhos de Phaethon lepturus para fins de monitoramento, além do anilhamento de 11 adultos e 13 jovens dessa espécie.
Monitoramento
Para os pesquisadores, fazer um monitoramento mais intenso nas ilhas onde ocorre nidificação de rabo-de-palha e da pardela-de-asa-larga é importante pois permite que se verifique o real número de ninhos durante todo o período reprodutivo e se continue a realizar amostragens de censo em volta da ilha durante pelo menos duas estações anuais.
A continuidade dos estudos do ICMBio/Cemave com as espécies de aves endêmicas e ameaçadas de extinção no arquipélago de Fernando de Noronha é importante para o monitoramento de suas populações e aquisição de dados técnicos que subsidiem a conservação dessas espécies.
(Por Andrei Ross, Ascom ICMBio, 23/12/2009)