Contrato é estimulado pela decisão de Províncias do país de instituir mistura do combustível na gasolina
Depois de deixar a área de etanol hibernando devido à euforia com o pré-sal e, depois, por conta da crise, a Petrobras começa a deslanchar projetos e aquisições no segmento de biocombustíveis. A estatal fechou ontem acordo com a PetroChina para estudar um projeto de produção de etanol no Brasil, em que as duas seriam sócias, além de contratos de exportação.
No dia anterior, a Petrobras havia anunciado que estava investindo R$ 150 milhões na compra de 40% da Total Indústria Canavieira. A empresa tem usinas de produção de etanol em Minas Gerais. Esse acordo foi a estreia da Petrobras na produção do combustível. Antes disso, em agosto, a negociação de maior vulto foi a entrada em sociedade com a Projetos de Transporte de Álcool. No projeto, a empresa prevê investimentos totais dos dois sócios de US$ 1 bilhão para construir dutos que permitam escoar etanol do Centro-Oeste e de São Paulo para o litoral.
Os negócios em etanol são capitaneados pela empresa Petrobras Biocombustíveis, subsidiária criada no início do ano passado. Os planos da área são investir US$ 2,4 bilhões, dos quais US$ 1,9 bilhão em etanol, até 2013. A Petrobras diz que a participação em usinas produtoras de etanol faz parte do plano estratégico da estatal.
O acordo com a PetroChina ocorre devido à decisão do governo chinês de adotar, em algumas Províncias, a mistura de 10% de gasolina no etanol. No entanto, o país não dispõe de produção relevante que permita a mistura com insumo nas proporções estipuladas. Os estudos para viabilidade do projeto podem levar até seis meses.
Ao mesmo tempo, a China vai reduzir, no próximo ano, as alíquotas de importação de etanol de 30% para 5%. As negociações para a redução se darão com a PetroChina e a Petrobras Biocombustíveis. A China não é o único mercado oriental para o etanol brasileiro. A Petrobras já vende cerca de 1 bilhão de litros do produto por ano ao Japão. Mas a empresa acredita que possa vender até cinco vezes mais aos países asiáticos.
As usinas térmicas nacionais também podem absorver a produção brasileira de etanol. A diretora da área de energia da Petrobras, Graça Foster, afirmou no início do mês que testaria o combustível em usinas térmicas. O teste foi iniciado há uma semana e deverá durar de três a quatro meses.
Chegou-se ainda a cogitar, há alguns meses, que a Petrobras compraria parte do controle da Brenco, empresa de etanol que esteve em dificuldades financeiras. Um dos fundadores da Brenco é o ex-presidente da Petrobras Henri Reichstul. Mas o negócio acabou não seguindo adiante porque os sócios da Brenco fecharam com a ETH, empresa de etanol do grupo Odebrecht.
Aquisições: Empresa pretende comprar até três usinas em 2010
Ricardo Castello Branco, diretor de etanol da Petrobras Biocombustíveis, braço de biocombustíveis da Petrobras, disse em entrevista à Reuters que em 2010 serão anunciadas mais duas ou três aquisições de participações em usinas prontas para produzir. Em 2010, a empresa garante a entrega ao mercado de 747 milhões de litros do combustível. Em 2011, a previsão é que a produção atinja 1,392 bilhão de litros e, no ano seguinte, 2,319 bilhões, segundo Castello Branco.
(Folha de S. Paulo, 24/12/2009)