O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quarta (23/12) que o ministério está "quase mendigando" a licença prévia para o leilão da hidrelétrica de Belo Monte, que será construída no Rio Xingu (PA). Há vários meses, o governo aguarda a liberação da licença ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). O leilão da usina chegou a ser previsto para 21 de dezembro, mas teve de ser adiado, ainda sem data prevista.
Durante a cerimônia em que deu posse a dois diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o ministro citou o fato de que o Brasil possui a segunda maior hidrelétrica do mundo e que estava tentando construir a terceira maior hidrelétrica, referindo-se a Belo Monte. "Estamos quase mendigando do Meio Ambiente a autorização para que possamos construir a terceira maior hidrelétrica do mundo", disse.
Depois da cerimônia, Lobão explicou que usou essa expressão para definir os esforços que estão sendo feitos pelo Ministério de Minas e Energia junto ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama para que seja concedida a licença para a construção da usina. "Essa é uma hidrelétrica da qual não podemos abrir mão. O Brasil necessita como nunca dessa usina para garantir a segurança energética", disse.
Segundo ele, o País já está um ano atrasado no início da construção da hidrelétrica por causa das pendências ambientais. "Não podemos perder mais tempo", afirmou. Lobão disse que a expectativa é de que a licença saia "imediatamente", mas não especificou uma data.
Apagão
Na cerimônia de posse dos diretores Edvaldo Santana e Julião Coelho, Lobão reafirmou que o apagão que atingiu 18 Estados no dia 10 de novembro não ocorreu por defeitos do sistema elétrico e sim por "fenômenos atmosféricos adversos". Segundo ele, apenas quatro Estados (Rio, São Paulo, Mato Grosso e Espírito Santo) tiveram de fato um blecaute de quase 100%, por três horas.
"Os demais Estados perderam só 5% ou 10% da energia", disse o ministro, acrescentando que os Estados do Sul do País só perderam 1% da energia por 15 minutos. Ele lembrou que nos blecautes de 2002 e de 1999 foram perdidos 60% e 70% da energia. "Temos que nos orgulhar do nosso sistema que é muito bom", disse.
Lobão disse que aguarda o relatório da Aneel para que o ministério possa produzir o seu relatório sobre o assunto, tomando como base também o documento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
(O Estado de S. Paulo, 24/12/2009)