A porta-voz do governo da China, Jiang Yu, rebateu a acusação feita pelo ministro do Meio Ambiente do Reino Unido, Ed Miliband, de que o país teria "sequestrado" as negociações na conferência climática das partes, a COP-15, realizada em Copenhague, e que seria responsável pelo fracasso do encontro.
Jiang Yu não chegou a mencionar o nome de Miliband, mas disse que "certos políticos britânicos tinham intenções óbvias" de se esquivar das próprias obrigações e fomentar conflito entre os países em desenvolvimento, informou a agência estatal Xinhua.
O encontro, que durou duas semanas na capital dinamarquesa, foi concluído sem a adoção de um acordo que imponha limites para a emissão de gases causadores do efeito estufa. Um documento assinado pelos Estados Unidos, China, Brasil, Índia e África do Sul foi o único resultado do encontro.
O documento, porém, não estabelece limites à poluição e indica apenas que os países concordam que a temperatura do planeta não pode subir mais de 2ºC. As 192 nações participantes do encontro "registraram" o acordo em meio a muitos protestos por parte de países em risco, como o arquipélago de Tuvalu.
Obrigações - "Nós pedimos a eles que corrijam seus erros, cumpram com suas obrigações para com os países em desenvolvimento de forma séria e mantenham-se afastados de atividades que prejudiquem a cooperação da comunidade internacional no combate ao aquecimento global", disse Jiang em mensagem dirigida à Grã-Bretanha.
Miliband criticou a China em um artigo publicado no domingo no site do jornal britânico "The Guardian". De acordo com o ministro, um acordo entre todos os países membros das Nações Unidas não foi possível porque havia o interesse de alguns em "engavetar" o documento.
O ministro inglês acusou os chineses de vetar duas propostas de corte nas emissões de gases causadores do efeito estufa, "apesar do apoio de uma coalizão de países desenvolvidos e da vasta maioria de países em desenvolvimento".
Durante as negociações, China e países ricos estiveram em lados opostos. A China, juntamente com outros emergentes, insiste que os países ricos devem investir mais e se comprometer com cortes mais ambiciosos das emissões de CO2 porque entraram no processo de industrialização mais cedo e, portanto, são responsáveis por uma parcela maior da poluição causadora do problema.
Os países ricos, por outro lado, reclamam que a China é atualmente a maior poluidora do mundo e que a adoção de um estilo de vida à moda ocidental não é sustentável para uma população de 1,3 bilhão de pessoas.
Além disso, durante as negociações em Copenhague, os países ricos pediram garantias de que poderiam fiscalizar e controlar os dados sobre ambiente registrados pelo países pobres, uma condição que a China vetou, argumentando temer violação de sua soberania.
(Folha Online / AmbienteBrasil, 23/12/2009)