Está confirmada a existência de indígenas isolados na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. A expedição da Funai para localização, realizada em novembro desse ano, encontrou vestígios recentes próximos a lagoa Samaúma. Desde a década de 1980 a Funai tem conhecimento do grupo, mas há algum tempo não encontrava provas tão concretas da permanência dos indígenas na região. O grupo isolado é, provavelmente, pertencente ao povo Awa Guajá e pode chegar ao total de 60 pessoas.
Nas trilhas abertas pelos isolados, além dos rastros de pegadas, a equipe da Funai constatou o intenso processo de devastação da mata. A exploração de madeira no interior da Terra Indígena é um problema histórico. Há mais de 20 anos os madeireiros retiram, principalmente, cedro, sapucaia, copaíba e cerejeira.
A exploração dos recursos naturais da T.I. Araribóia coloca em risco a sobrevivência dos grupos indígenas isolados tanto pela escassez dos próprios recursos, quanto pelos conflitos com os madeireiros e demais invasores das áreas protegidas.
Operação no estado do Maranhão
Com o objetivo de fiscalizar, apreender e retirar os invasores dessas terras, está em curso, em várias áreas do Maranhão, uma operação conjunta entre Funai, Polícia Federal, Ibama, Batalhão da Polícia Ambiental do Maranhão e Polícia Rodoviária Federal.
A ação já apreendeu equipamentos de madeireiros nas TI Araribóia, Caru, Awa, Alto Turiaçu, na Reserva Biológica do Gurupi e também em municípios próximos à essas áreas. No període de agosto e setembro, entre os materiais apreendidos estão 20 espingardas “bate-bucha”, uma espingarda calibre 20 e cinco caminhões toreiros. Na T.I Alto Turiaçu foram levados à Delegacia 29 suspeitos encontrados no interior da terra indígena.
A cidade de Buriticupu, ao noroeste de Araribóia no Maranhão é um dos grandes pólos madeireiros. Há 3 meses o Ibama lacrou 33 serrarias na cidade: dos 35 estabelecimentos existentes, somente dois tinham licença para atuar. Entretanto, assim que os agentes federais viraram as costas, as serrarias reabriram a todo vapor.
Para exercer um controle efetivo e conter o processo de desmatamento, a nova operação, inciada em agosto, é de caráter permanente, não havendo assim, data para seu término. A equipe em campo é formada por cerca de 150 técnicos dos vários órgãos envolvidos.
(Ascom Funai / Fórum Carajás, 22/12/2009)