O cruzamento entre as ruas Borges de Medeiros e Marechal Deodoro, no Centro de Santa Cruz do Sul, é conhecido por uma característica nada agradável: o mau cheiro que exala do esgoto. O problema é velho conhecido dos moradores e profissionais daquela região que já fizeram abaixo-assinado pedindo providências.
Nos dias de tempo seco e temperatura mais elevada a situação costuma se agravar e o odor invade as salas de um prédio construído na esquina. Quem mais sofre com o mau cheiro, contudo, são os funcionários e clientes de uma farmácia naquele ponto. “As pessoas chegam aqui e perguntam se é do nosso banheiro que vem o cheiro”, reclama a balconista Danusa Raddatz.
O estabelecimento conta com sistema de ventilação e cortina de ar na porta principal, mas nem assim consegue evitar a entrada do ar contaminado. “É horrível. Em alguns momentos fica difí cil até de respirar”, diz ela. Na tentativa de deixar o ambiente mais puro, Danusa e os colegas já utilizaram papéis para cobrir as bocas-de-lobo
Além da esquina da Deodoro o esgoto gera reclamações na Ramiro Barcelos, próximo à agência do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Ali os pedestres precisam cobrir o nariz para passar. Na Júlio de Castilhos com Assis Brasil a cena é parecida. O odor invade o comércio próximo e faz fervilharem as reclamações.
PROVIDÊNCIAS
A Secretaria do Meio Ambiente reconhece o problema e recebe queixas quase diárias. Entretanto, ainda não há previsão de obras. Em fiscalizações os técnicos constataram que há ligações clandestinas de esgoto cloacal na rede pluvial, responsável pela coleta da água das chuvas. “Nos dias secos fica ainda pior”, confirma o secretário de Meio Ambiente, Alberto Heck.
Uma das ações previstas para combater o problema, segundo ele, envolve a fiscalização de obras. O trabalho será feito em parceria com a Secretaria de Planejamento e consiste em vistoriar construções para verificar se foram realizadas ligações irregulares. Além disso, passarão a ser feitas vistorias para identificar se as fossas estão sendo limpas de dois em dois anos como estabelecem as normas ambientais.
Poluição se agrava
As ligações irregulares de esgoto geram mais do que reclamações quanto ao mau cheiro das bocas-de-lobo. Segundo o secretário Alberto Heck, à medida em que dejetos cloacais são jogados na rede pluvial ocorre contaminação de sangas, arroios e consequentemente do Rio Pardinho.
“Basta observar as sangas que precisaram ser cobertas devido ao cheiro”, salienta. Com a ampliação das redes de esgoto construídas pela Corsan, salienta o secretário, a tendência natural seria de que o tratamento fosse ampliado. Entretanto, esse serviço será cobrado e os consumidores podem optar por não aderir ao novo sistema.
(Gazeta do Sul, 23/12/2009)