A mais profunda erupção vulcânica de que se tem notícia foi descoberta no Oceano Pacífico, próximo aos arquipélagos de Fiji e Samoa, a 1,2 mil metros abaixo da superfície. Indícios da existência do vulcão submarino, denominado West Mata, foram encontrados no fim do ano passado, mas confirmados apenas em maio último.
Agora, os cientistas responsáveis pela descoberta, em missão financiada pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e pela National Science Foundation (NSF), divulgaram vídeos e fotos da erupção. É o primeiro vulcão submarino filmado em plena atividade, algo que os cientistas tentam fazer há mais de 25 anos. O resultado, segundo os autores, é “espetacular”. As imagens produzidas incluem grandes bolhas de lavas com cerca de 1 metro de largura que são lançadas na fria água do mar e jatos vermelhos brilhantes de lava ejetada.
Outra novidade conseguida foi a obtenção de imagens de lava avançando pelo fundo oceânico. Sons da erupção foram gravados por um hidrofone e depois montados junto às imagens. “Encontramos um tipo de lava que nunca havia sido vista durante a erupção de um vulcão ativo”, disse o cientista-chefe da missão Joseph Resing, da Universidade de Washington.
As imagens foram produzidas pelo robô submarino Jason, que os cientistas conseguiram levar a poucos metros da erupção. “Em terra, ou mesmo em águas mais rasas, não seria possível chegar tão perto e conseguir registrar tantos detalhes”, disse Bob Embley, da NOAA, outro integrante da missão. Os vídeos foram apresentados no dia 17, em San Francisco, na conferência anual da União Geofísica Norte-Americana.
O vulcão West Mata está produzindo lavas do tipo boninite, que estão entre as mais quentes das erupções ocorridas em tempos modernos. Segundo os cientistas, registros de lavas semelhantes às do vulcão submarino foram encontradas apenas em vulcões extintos há mais de 1 milhão de anos.
“O resultado é que, pela primeira vez, podemos examinar, com bastante proximidade, a maneira com que as ilhas oceânicas e os vulcões submarinos são formados”, disse Barbara Ranson, diretora da Divisão de Ciências Oceânicas da NSF. Os pesquisadores estimam que 80% da atividade vulcânica terrestre ocorra nos oceanos, com a maioria dos vulcões localizada em grandes profundidades. Até esta descoberta, a NOAA e a NSF vinham financiando pesquisa em vulcões submarinos há 25 anos, sem conseguir registrar uma erupção profunda.
Vídeos e fotos da erupção podem ser vistos em: www.noaanews.noaa.gov/stories2009/20091217_volcano2.html
(Agência Fapesp, 23/12/2009)